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Cinco mil anos
atrás, com a invenção da escrita, ocorreu o primeiro
grande salto quântico da espécie humana em direção
à civilização tecnológica. O segundo só
veio a ocorrer na metade do século XV, com a invenção
da imprensa por tipos móveis, por Gutenberg. A possibilidade de
reproduzir milhares de cópias idênticas do mesmo documento
levou à criação das primeiras revistas e jornais,
um conceito revolucionário. Mas isso se deu de forma bastante gradativa,
pois a primeira revista científica impressa, por exemplo, só
foi lançada em 1665, mais de 200 anos depois. No entanto, até
hoje, essa é a base do portentoso sistema de divulgação
na ciência e na tecnologia, com conta com mais de 300 mil revistas
em todo o mundo, e que pouco mudou nos últimos três séculos.
Agora, no entanto, tudo isso está
para mudar de maneira radical, com o desenvolvimento das redes globais
de computadores, como a Internet, principalmente depois da explosão
da WWW (World Wide Web), que permite a publicação
eletrônica de alta qualidade, com texto, imagens, vídeos,
etc. Em conjunto, essas duas novas tecnologias têm um potencial revolucionário
muitas vezes maior do que a própria invenção da imprensa,
na divulgação de informações na área
da saúde.
A WWW é baseada em um modelo proativo
de busca da informação, ou seja, na navegação
tradicional pela Internet, denominada de tecnologia "pull" (do inglês,
puxar), o usuário obtém a informação de diferentes
sites da WWW, procurando por tópicos de seu interesse. O imenso
volume de documentos e sites disponíveis faz com que a obtenção
da informação desejada seja alcançada somente após
uma refinada pesquisa com os mecanismos de busca existentes, dificultando
o processo. Além disso, o contínuo aumento da informação
disponível, e a obrigatoriedade de se visitar individualmente os
"sites" de interesse na WWW está aos poucos inviabilizando o acesso,
tanto do ponto de vista do usuário quanto do ponto de vista dos
editores.
Já as mídias informativas
tradicionais se baseiam em um modelo passivo, ou seja, o assinante recebe
a informação através de um sistema de "broadcasting"
ou emissão (jornais, revistas, rádio e TV). Na Internet também
já existe essa tecnologia, que é denominada de "push",
também conhecida pelos termos "webcasting" e "pointcasting".
A solução dada pelo advento da tecnologia "push" inverte
essa equação, fazendo com que a Internet, alcance o usuário
final, entregando informações baseadas em um perfil de interesses
pré-definidos e eliminando etapas de pesquisa e seleção.
O sistema é constituído,
do lado do assinante, de um browser (visualizador) especializado
que utiliza o mesmo protocolo por exemplo, o Castanet é o nome do
servidor que trabalha com o Marimba). Este, por sua vez, se baseia no mesmo
protocolo básico TCP/IP de comunicação utilizado na
Internet.
Tela de acesso
do browser especializado do PointCast
Os atores essenciais a um sistema de informações
do tipo "push" são os assinantes do serviço (usuários
que têm conexão à Internet e assinam os canais do serviço),
os editores (o os criadores do conteúdo) e os vendedores (que criam
as aplicações cliente e servidor para os assinantes e editores
utilizarem. Entre os principais destacam-se companhias como PointCast,
Marimba, Netscape e Microsoft (veja os endereços
dessas empresas no final do artigo). No campo não científico,
o modelo de financiamento do fornecimento da informação tem
sido de acesso gratuito, porém com anunciantes, que podem colocar
em uma janela do browser uma propaganda animada e ligada aos seus sites
na Internet.
A rápida disseminação
da tecnologia "push" na Internet tem levado a numerosas iniciativas
organizacionais, tais como o Push Council. Estima-se que, atualmente, cerca
de 10 % do tráfego diário na Internet no mundo é atribuida
à tecnologia "push" (somente a PointCast tem mais de 2 milhões
de usuários).
Cada servidor de "push" oferece vários
canais de mídia informativa, entre eles canais de notícias,
entrenimento, esportes, saúde, negócios, etc. O usuário
do programa configura os canais de seu interesse e recebe a atualização
de informações de acordo com esta escolha, com atualizações
periódicas. Os canais podem ser constituídos de páginas
HTML, applets Java, imagens, vídeos, sons ou qualquer tipo de mídia
digitalizada. A freqüência de atualização das
notícias pode também ser configurada pelo usuário,
e pode ser contínua ou períodica, ou ainda sob demanda. O
servidor armazena um perfil dos interesses e opções do usuário,
contata o cliente através da Internet no horário programado,
e envia ("push") o material novo desde a última emissão,
o quali fica armazenado do disco do cliente, para posterior revisão.
Tela de seleção
dos canais do software PointCast permite a personalização
do conteúdo a ser recebido pelo usuário
Na tecnologia "push", a informação
é transmitida na forma de pacotes, os quais existem atualmente em
vários formatos. O futuro da indústria depende do sucesso
de se criar um formato padrão para todos os softwares. Quanto ao
software cliente, geralmente é de domínio público
e distribuído gratuitamente. Atualmente pode-se usar também
os browsers genéricos (Internet Explorer, Netscape, etc) para acessar
canais "push", mas normalmente é utilizado o cliente especializado,
como o PointCast, o Marimba, etc. Para implementar um serviço "push",
o provedor de informações necessita instalar um software
servidor específico, que trabalha em conjunto com o cliente ( de
usuários). Os analistas especializados são unânimes
em afirmar que esta é será a área da Internet que
mostrará os maiores índices de crescimento em futuro próximo.
Tela dinâmica
do PointCast, que aparece no lugar do seu screen saver.
Um bom exemplo é o sistema de noticias
resumidas de saúde criado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Johns Hopkins, de Baltimore, EUA, uma das mais famosas do mundo. Denominado
de InteliHealth, o sistema combina
todas as tecnologias acima: ele tem um "site" tradicional na WWW, o qual
é atualizado diariamente com notícias sobre medicina e saúde
captadas através de agências noticiosas, como a Reuters,
CNN, Associated Press, etc, ou
resumidas a partir de trabalhos recém-publicados em revistas como
New England Journal of Medicine, Lancet, Nature Medicine, etc. Além
disso, em associação com a PointCast, o usuário pode
assinar os canais de notícias de saúde que desejar, que incluem:
carreira profissional (ofertas de emprego, anúncios de congressos),
educação médica continuada, atualidades médicas
em várias áreas, notícias sobre medicamentos, indústria
de equipamentos, sistemas de administração de saúde,
saúde pública, notícias médicas para consumidores,
etc. Alguns desses canais comportam subdivisões, que o usuário
também pode especificar quais deseja receber. Finalmente, o usuário
também pode assinar uma lista de distribuição através
do correio eletrônico, passando a receber diariamente em sua caixa
postal um resumo das principais notícias. Tanto no e-mail quanto
no PointCast, existem os endereços na WWW que contêm as notícias
em forma mais extensa ou elaborada, de modo que o usuário possa
"navegar" até elas, se se interessar.
Recentemente a PointCast Corporation lançou
dez servidores especializados (verticalizados) em segmentos de informação,
sendo um deles o de saúde. O cliente especializado pode ser descarregado
gratuitamente e instalado em sua máquina através do endereço
http://www.pointcast. com.
Deste modo, está surgindo uma nova
forma de comunicação de alto impacto, ao mesmo tempo aproveitando
todos recursos multimídia disponíveis na Internet com a certeza
de que a informação é entregue ao usuário correto
e de acordo com o perfil desejado. No futuro próximo, a integração
da tecnologia "push" com mídias tradicionais como televisão,
cinema e rádio também será possível, alterando
de forma radical não somente os meios de comunicação
de massa, mas também as estratégias de marketing e de negócios
envolvidas.
Finalmente, o uso de tecnologias de informação
baseadas em Inteligência Artificial acopladas à Internet,
poderão ser usadas para refinar os filtros de informação
do lado do cliente ou do servidor, de tal forma que robôs de software
e outros tipos de agentes autônomos poderão colocar no computador
do assinante somente os artigos e notícias que safisfaçam
critérios altamente específicos de interesse.
Email: msabba@nib.unicamp.br
WWW: http://nib.unicamp.br/~msabba
O
Que é a Tecnologia "Push"
Curso Continuado de Internet em Medicina
[3]
No campo das publicações
cientifícas, técnicas e médicas, a tecnologia "push"
ou webcasting representa uma inovação revolucionária,
com o surgimento de canais e editores altamente especializados. Estes canais
atuam como coletores das principais notícias e novos artigos publicados
diariamente na WWW.
Marcelo Sabbatini
Como
Funciona
O sistema de tecnologia "push" foi lançado
ao público através do software comercial PointCast, nos meados
de 1996, seguido de outros, como Marimba, e os recentes Netcaster e Webcaster
(veja a resenha do software
PointCast, no número 2 da revista Intermedic). O termo
"pointcasting" recebeu este nome pois é uma transmissão
de notícias ponto a ponto, ou seja, do gerador para o receptor,
ao contrário da tecnologia de "broadcasting", que é
a emissão de programas padronizados de um ponto para muitos, como
no jornal, na TV e no rádio comuns (veja a figura).
No campo das publicações cientifícas,
técnicas e médicas, as perspectivas são bastante promissoras,
com o surgimento de canais e editores altamente especializados. Estes canais
atuam como coletores das principais notícias e novos artigos publicados
diariamente, tendo a possibilidade de trazer embutido no pacote os "hyperlinks"
(vínculos de texto ou imagens) para notícias ou sites relacionados.
No atual cenário de excesso de volume e diversidade de informações,
a tecnologia "push" constitui uma ferramenta vital para o profissional
da área de ciências se manter atualizado. Uma combinação
entre várias tecnologias da Internet ("pull", "push"
e correio eletrônico) permitem antever uma grande riqueza nas metodologias
de distribuição da informação.
A
Tecnologia "Push" nas Publicações Médicas
Para
Saber Mais
O
Autor
Marcelo
Sabbatini é engenheiro, editor associado do Grupo
e*pub do Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP,
e pós-graduando da área de Comunicação Cientifica
da Universidade Metododista de São Paulo, onde desenvolve projeto
de uso da tecnologia "push"na divulgação de informação
profissional em Saúde.
Publicação:
Núcleo de Informática
Biomédica
Universidade Estadual
de Campinas
© 1997 Renato
M.E. Sabbatini Apoio:
Searle do
Brasil