O Hospital Virtual BrasileiroMarcelo Jäger e Renato M.E. SabbatiniO Hospital Virtual Brasileiro (HVB) é um recurso de informação desenvolvido e gerenciado pelo Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, que se utiliza da tecnologia multimídia da World Wide Web (WWW). O seu conteúdo é composto por uma malha estruturada e selecionada de informações médicas e da área da saúde humana em geral e sua arquitetura segue a metáfora de um hospital real, com a informação sendo organizada em departamentos e setores virtuais. Home Page do Hospital Virtual Brasileiro O HVB surgiu como uma alternativa para as dificuldades de se ter acesso rápido e facilitado a informação de qualidade (centro de referência), uma vez que tem ocorrido uma forte proliferação de documentos auto-publicados, sem controle de qualidade. Além disso, buscou-se implantar um centro gerador de informação, na medida em que todos os profissionais envolvidos nas especialidades médicas do HVB são encorajados a publicar seus próprios trabalhos, tal como casos clínicos, artigos assinados, questionários interativos, versões eletrônicas de revistas científicas, etc. Estes dois aspectos básicos do projeto HVB orientam-se para o objetivo principal de usar o potencial da Internet de levar a informação aos lugares mais distantes, assim como facilitar a reciclagem e a atualização profissional A Estrutura do HVBAs células básicas de informação do HVB são as especialidades médicas. Cada uma delas se enquadra dentro de uma divisão pré determinada: especialidades básicas, clínicas, cirúrgicas, terapêuticas, associadas e diagnósticas e especialidades sociais e alternativas. Cada especialidade é elaborada e mantida por uma equipe de provedores de informação, e se caracteriza por conter em todas as suas paginas uma extensa relação de vínculos (links) com outros recursos de informação específicos disponíveis na Internet, organizados e selecionados de acordo com os critérios de "filtragem" da informação estabelecidos pelos seus coordenadores, bem como uma relação de material produzido pela própria equipe. Assim, é possível encontrar-se numa dada especialidade, artigos, casos clínicos documentados, perguntas e respostas interativos, cursos on-line, reprodução de palestras com seus respectivos slides, entre outros recursos. O contato com o público que visita remotamente as páginas da especialidade é feito de maneira direta com a equipe da mesma através de um endereço de correio eletrônico próprio, como no exemplo: cardiologia@hospvirt.org.br . A equipe que mantém uma especialidade é composta de um coordenador (médico/especialista naquela área) e aluno(s) de graduação e/ou pós-graduação em ciências da saúde ou ainda outros profissionais ligados ao coordenador que exerçam atividade naquela área. Para fazer parte da coordenação de uma especialidade, é necessário ter atuação na área de interesse, bem como possuir acesso a recursos computacionais básicos, dentre eles, ferramentas para acesso à Internet. Não há qualquer outra restrição a participação com relação a instituição à qual está filiado ou ainda à sua localização geográfica, uma vez que a tecnologia de redes globais de comunicação eletrônica possibilita este tipo de colaboração remota. Por este motivo, o projeto HVB se diz cooperativo em nível nacional. A equipe da especialidade tem como funções principais pesquisar a Internet à procura de recursos de informação na área de conhecimento, organizar o material encontrado e publicar, de acordo com os critérios estabelecidos. Além disso, deve levantar material para produzir as próprias publicações da especialida. Conhecimentos e habilidades técnicas avançadas em microinformática não representam obstáculos à participação no projeto HVB. Suporte às equipesGraças a infra-estrutura computacional do Núcleo de Informática Biomédica, onde há salas de aulas com microcomputadores PC´s comuns conectados por linha dedicada a Internet, e com professores de microinformática os treinamentos para as equipes de provedores de informação incluem: microinformática básica; noções introdutórias sobre Internet (aspectos históricos, funcionamento, uso de ferramentas de correio eletrônico e navegação e pesquisa na Internet, elaboração de documentos HTML (linguagem de marcação de hipertexto). O treinamento tem sua duração variável em função dos conhecimentos inicias de cada equipe de coordenação. Seu objetivo geral limita-se a habilitar a equipe a entender o funcionamento da Internet bem como produzir os documentos dentro dos padrões técnico e gráfico para disponibilizá-lo dentro do projeto e fazer sua manutenção freqüente, além de ter condições técnicas de gerenciar a correspondência eletrônica entre a especialidade e os usuários que a visitam remotamente. Todas as páginas de uma especialidade do HVB são elaboradas de acordo com parâmetros pré-determinados, tanto no que diz respeito a sua estrutura técnica (formatos e tipos de arquivos, subdiretórios etc.) bem como ao seu aspecto visual. Esta orientação, além de ser abordada no treinamento, está documentada em páginas do próprio projeto, voltadas apenas às equipes de coordenação, denominadas GUIA-HV. Àquelas equipes e/ou integrantes que não têm facilidade de acesso a recursos microcomputacionais, têm à sua disposição salas de apoio dentro do próprio Núcleo. ConteúdoTodas as informações presentes no projeto HVB encaixam-se dentro dos seguintes módulos de informação e suas respectivas seções:
Em função da maneira como a especialidade é organizada visualmente, todos estes módulos de informação estão sempre disponíveis ao usuário. Um caso clínico on-line de cirurgia cardíaca Recursos AdicionaisAlguns recursos tecnológicos foram incorporados ao HVB a medida que foram sendo implantados no próprio Núcleo, tais como as listas de discussão, fóruns interativos (chats) e arquivos disponíveis para transferência (FTP). As listas de discussão foram colocadas a disposição das especialidades para que cada uma tivesse a sua própria. Dentre os arquivos disponíveis para transferência por FTP, podem ser recuperados aplicativos médicos e de domínio público em geral, anais de congressos e quaisquer outros que se queiram colocar disponíveis para que o público visitante possa recuperar. Na primeira página do HVB, além dos vínculos de acesso às especialidades, também é possível recuperar informações dos seguintes recursos adicionais: a) Revista Saúde e Vida On-Line, projeto satélite do HVB que traz informações médicas com abordagem e linguagem mais simplificadas, voltadas ao público leigo em geral. Endereço: http://www.nib.unicamp.br/svol b) Farmácia Virtual, outro projeto satélite do HVB, que disponibiliza uma base de dados de aproximadamente 6.000 medicamentos e informações adicionais de cada um deles (interações medicamentosas, laboratório etc.); c) Uma relação de vínculos com as faculdades e escolas da área de saúde que tem presença na Internet; d) uma relação de todos os casos clínicos disponibilizados por cada especialidade. ResultadosDesde fevereiro de 1996, data do início do funcionamento do projeto na Internet, até o momento atual, o HVB conta com 70 especialidades disponíveis na Internet. As instituições que apoiam o projeto em uma ou mais especialidades, já somam 16, com procedência de várias partes do país. Dentre todas as equipes de coordenação de especialidade, seus integrantes somam 120 provedores de informação. É importante salientar que alguns alunos integram mais de uma equipe de coordenação da mesma forma que alguns coordenadores estão a frente de mais de uma especialidade. A página inicial do HVB registra uma marca em torno de 65.000 acessos desde 4 de fevereiro de 97. A média de acessos geral nos últimos 12 meses apresenta aproximadamente 226 mil visitas. Também é possível que o usuário solicite um formulário interativo para se registrar como interessado em receber, via correio eletrônico, informações acerca do projeto HVB (eventos, novidades, prêmios, chamadas etc.) e que até o presente momento, registra cerca de 4.000 visitantes. ConclusõesComo era esperado no início do funcionamento do HVB, este tipo de recurso de informação se firmou com um ponto de referência para aqueles usuários que tem na Internet uma poderosa ferramenta de trabalho. Principalmente na área da saúde humana, onde o conhecimento encontra-se extremamente segmentado e especializado, a reunião de uma gama de informações diversificadas, mas de uma mesma área, no caso uma especialidade médica, facilita consideravelmente a tarefa de se procurar e recuperar uma informação precisa. Não só pelo aspecto da rapidez mas, principalmente, pelo fato de Internet ser uma mídia baseada em tecnologias interativas síncronas e assíncronas. Desta maneira, o usuário se reserva o direito de escolher qual a informação que pretende recuperar vinculado à possibilidade de entrar em contato rápido e direto com o gerador ou o responsável por ela. Estabelece-se assim uma nova dinâmica na divulgação e aquisição do conhecimento. Um dos pontos fundamentais e já abordados anteriormente é a questão da contribuição que um serviço como o HVB leva aos locais onde a ocorrência de certos casos é rara e o conseqüente acesso dos profissionais da saúde a este tipo de experiência fica comprometido. Através da Internet, podem ser acompanhados tantos os casos mais raros quanto as condutas terapêuticas mais indicadas, entre outras que são eventualmente levadas a termo. Este uso da tecnologia não se restringe apenas a estas questões, mas é estendida à realização de cursos a distância mediados por computador, às possibilidades de se formarem comunidades virtuais integradas por um assunto ou um núcleo de assuntos profissionais em comum, como tem acontecido com os usuários que participam de Listas de Discussão e Fóruns de Debates interativos. O próprio envolvimento, tanto de profissionais como de estudantes das áreas da saúde humana em geral no projeto HVB, como é o caso das dezenas de pessoas integrando as equipes de provedores de informação, revela o aspecto do aprimoramento do seu nível de conhecimento técnico em relação a uma tecnologia pouco explorada nas suas respectivas áreas como é o caso da microinformática e das redes globais de comunicação eletrônica. Estas pessoas posicionam-se de forma mais favorável ao aparecimento de novas ferramentas de trabalho dentro da área da saúde. A telemedicina é um exemplo inquestionável de que tecnologia e conhecimento médicos andam juntos, gerando uma demanda de profissionais mais qualificados para atendê-la. Neste aspecto, o HVB também deixa sua contribuição. Para Saber MaisMoreti, P. e Zanini. A.C. - A Farmácia Virtual. Revista Intermedic, 1(1), 1997. AgradecimentosPelo patrocínio ao projeto, agradecemos aos Laboratórios Biosintética Ltda., a Olivetti do Brasil, à Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e ao GT Saúde do Comitê Gestor da Internet/BR. Apoiam oficialmente o projeto a UNICAMP e a Associação Médica Brasileira. Queremos registrar também a participação de diversos técnicos do NIB na elaboração desse grandioso projeto: Lúcia Helena S. de Cicco, Margareth Ortiz de Camargo, Paulo Moreti, Claudio Roberto Palombo, Nuri Aparecida Estapê, Alexandre Moreno Castellani, Caio Túlio B. de Aquino, José de Campos Flexa, Selma, Henrique e Gisele. Os AutoresMarcelo Jäger é biólogo formado na UNICAMP, e foi técnico especializado do Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde coordenou o Hospital Virtual Brasileiro e o Centro Operacional Internet. Renato
M.E. Sabbatini, PhD, é professor coordenador da área
de Informática Médica da Faculdade
de Ciências Médicas e coordenador do Núcleo
de Informática Biomédica da Universidade Estadual de
Campinas. Foi o idealizador do Hospital Virtual Brasileiro. É editor
das revistas Intermedic
e Informática
Médica. Email: renato@sabbatini.com
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