A Internet é uma dessas invenções revolucionárias, que só acontecem a cada 50 ou 100 anos na história da humanidade. Não acho exagero afirmar que, em termos de disseminação da informação, essa rede global de computadores, que em março de 1997 interligava quase 15 milhões de computadores e 90 milhões de usuários em todo o mundo, é tão, ou mais revolucionária, do que a própria invenção da imprensa de tipos móveis, pelo alemão Gutenberg, 500 anos atrás.
Somente quem já experimentou procurar uma informação na Internet, sabe o quanto este recurso é espetacularmente diferente de tudo o que já existiu. Em questão de minutos (ao invés de horas ou dias passados em bibliotecas, geralmente frustrantes, pela dificuldade de se achar revistas ou artigos), um mecanismo de busca, como o Altavista, localiza centenas ou milhares de documentos e imagens, espalhados por todo o mundo. O problema muda inteiramente de figura: quem usa a Internet não está mais preocupado em como achar (isso é muito fácil e rápido), nem onde achar (o documento solicitado chega em alguns segundos ou minutos à sua tela, esteja onde estiver), nem quanto custa (geralmente é gratuito...). O problema agora, é o que fazer com tamanha quantidade de informação !
A Internet muda tudo. As próprias publicações médicas, antigas e bem estabelecidas; assim como as editoras e as bibliotecas, estão ameaçadas a virar pó dentro de poucos anos. As vantagens das publicações na Internet são tão grandes, que a comunicação científica nunca mais será a mesma. Todo médico precisa, se ainda não o fez, aprender a usar esse novo recurso na sua batalha pela informação. Quem não o fizer, por teimosia ou ignorância (porque preço alto já não é mais uma desculpa), corre o perigo de se igualar aos pteridáctilos.
A Internet está diferenciando o profissional de saúde em dois tipos de pessoas: as que usam e as que não usam. No mundo competitivo da Medicina, quem será que vai ganhar ? É fácil responder... Mas embora 90 % dos médicos, ou mais, reconheçam que se transformar em um usuário da Internet será cada vez mais inevitável, amenos de 10 % dos médicos brasileiros estão realmente usando. Porque é tanta a distância entre o número dos que querem, e o número dos que fazem ?
Resposta: falta conscientização, conhecimento, treinamento. Para usar bem a Internet, é preciso usar bem um computador, conhecer um mínimo de Informática. Mas é também necessário saber operar os programas básicos que facilitam o acesso à Internet, e onde procurar a informação desejada. Isso não é tão banal, uma vez que aumenta vertiginosamente o volume de informação sendo publicada na Internet (já são mais de mil revistas médicas on-line, e cerca de 15 mil "sites", como é o nome que se dá a um conjunto de informações com o mesmo endereço na Internet).
O objetivo dessa nova revista que está nascendo, com o pioneiro apoio da Searle, é justamente este: mostrar o chamado "caminho das pedras" para o colega médico. Nossa revista já parte do princípio com uma clara vocação educacional, voltada para a capacitação tecnológica do médico, em linguagem simples e direta, fácil de entender, feita sob encomenda. Aqui você vai aprender a obter da Internet toda a informação que necessite em sua especialidade, inclusive os detalhes técnicos que permitirão a economia de tempo e e de dinheiro, e o máximo de eficiência possível.
O Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP dá as boas vindas a todos os interessados. Neste e nos próximos números, tanto na versão impressa quanto na versão on-line, exploraremos juntos o mundo fantástico da Internet médica.
Publicação: Núcleo de Informática Biomédica Universidade Estadual de Campinas © 1997 Renato M.E. Sabbatini |
Apoio: Searle Farmacêutica Brasil |