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A Revolução no EnsinoO progresso inexorável das ciências médicas é uma boa coisa, ninguém duvida. Nunca se pesquisou tanto, nunca aconteceram tantas descobertas novas, em tão pouco tempo, na história da Medicina. E podemos ter a certeza absoluta de que esse ritmo alucinante continuará aumentando e aumentando nos próximos anos e décadas. Mas eis alguns fatos que nos fazem refletir: · 80% de todos os cientistas médicos que já existiram no mundo ainda estão vivos. · O volume de informações médicas publicadas em papel está duplicando a cada quatro. ·A maioria dos cursos médicos já tem mais de 10.000 horas de ensino, mas os médicos estão se formando com um conhecimento muito superficial.· Mesmo assim, cerca de 50 % dessas informações (principalmente sobre novas terapias) está obsoleta após três a quatro anos depois que o médico se forma.A única solução para esse enorme dilema é o uso intenso das tecnologias de informação. Foi pensando nisso que a Associação Americana de Escolas de Medicina (AAMC) se posicionou, cerca de 15 anos atrás, em um famoso documento intitulado "O Médico do Século XXI". Profético e influente, ele recomendou que as Faculdades de Medicina deveriam assumir a vanguarda no uso de tecnologias de informação em todo o curso médico, e de se preocupar em treinar professores e alunos na operação de computadores, com a finalidade de melhorar o acesso à informação disponível de forma eletrônica (que, curiosamente, ainda era muito pequena à época do relatório, mas que hoje assume formas e volume avassaladores. O volume de informações médicas publicadas na Internet está duplicando a cada seis meses!). Dedicamos este número da Revista Médica às aplicações da Informática no ensino médico. Em números anteriores, tivemos diversos artigos sobre esse tópico, bem como em nossa revista-irmã, Intermedic (www.informaticamedica.org.br/intermedic). De lá para cá, no entanto, o progresso tem sido célere. A Realidade Virtual, as simulações computadorizadas e os cursos à distância disponíveis na Web surgem dominantes, embora muitas dessas aplicações ainda não tenham encontrado espaço no currículo médico, por diversos motivos, entre os quais a sua extrema novidade. Ao nosso ver, o ensino médico precisa passar por um "choque cultural", tão grande, talvez, quanto o que deve ter passado com a invenção da imprensa por Gutemberg, há mais de 500 anos atrás. Essa revolução é imprescindível, urgente, clamorosa. Os professores médicos estarão enfrentando um grave caso de degradação de autoridade perante seus alunos no futuro, caso não promovam uma atualização de suas tecnologias didáticas (ainda, lamentavelmente, presas ao quadro negro, giz e projetor de slides). Leia também: Internet
e Educação Médica
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Renato
M.E. Sabbatini
Editor Científico |
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