Revista de Informatica Medica
Vol. 2 No. 1 Jan/Fev 1999
 
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Ant Prox 

Editorial  

Porque Usar a Informática? 

Uma pesquisa recente feita por uma indústria farmacêutica no Brasil mostrou que cerca de 60 a 65% dos médicos brasileiros se declaram ter um acesso a computadores. Uma bela estatistica, comparável a dos países mais desenvolvidos do mundo.  

Entretanto, se formos examinar com mais critério e atenção esses dados, a imagem que aparece é bem diferente. Logo percebemos que uma coisa é ter um computador, outra coisa é usar, e outra, mais diferente ainda, é usar para fins profissionais. Um número razoável desses computadores está em casa, e não no consultório ou no escritório do médico, e quem os utiliza geralmente são os seus filhos. Em 90% dos casos, o uso se limita a dois, no máximo três programas utilitários, como processadores de textos ou programas de acesso à Internet, sem contar os videogames e passatempos. A maioria dos médicos que utiliza a Internet navega pouco pela Web, e usa apenas o correio eletrônico (também pouco). O principal culpado, segundo eles: falta de tempo.  

Se perguntarmos quantos dos médicos brasileiros que têm computadores, efetivamente os utilizam para controle do consultório, manutenção dos prontuários clínicos, emissão de receitas, consultas à bancos de dados, etc., as brilhantes porcentagens acima caem verticalmente, para algo em torno dos 15%. São dados interessantes, que merecem reflexão e análise.  

Eu tenho uma experiência de 23 anos no uso de computadores em Medicina, e boa parte do meu esforço tem sido gasto na aculturação dos profissionais de saúde às novas tecnologias de informação, através de palestras, cursos, artigos, etc. Aparentemente é um trabalho sem fim, mas que me deu uma visão privilegiada da resistência dos médicos em utilizar a informática em sua profissão.  

Por que usar informática? A medicina é uma ciência, ou profissão, que vive de informação. O médico e outros profissionais de saúde lidam constantemente, diariamente, com um grande volume e complexidade de informação, e a qualidade e a eficácia da assistência dependem diretamente do acesso e manipulação da mesma. Portanto, qualquer coisa que ajude esse trabalho passa a ser essencial, e de uso praticamente obrigatório. É necessário, antes de tudo, que o profissional de saúde reconheça esse fato, e que mude radicalmente de paradigma; passando a valorizar mais a qualidade da informação. Muitos trabalhos científicos têm demonstrado, sem sombra de dúvidas, que ela está por trás de uma boa medicina. 

Se você é daqueles médicos que acha que está "muito velho" para se transformar em um usuário da informática, ou que "não tem jeito para a coisa", recomendo um bom curso, ou melhor ainda, um bom período passad na frente de um computador, na companhia de um colega mais experiente, que poderá mostrar como é fácil, e que maravilhas você têm perdido até agora.  
 

Topo  Renato M.E. Sabbatini 
Editor Científico
 
© 1999 Renato M.E. Sabbatini
Núcleo de Informática Biomédica 
Universidade Estadual de Campinas 
Campinas, Brasil
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