PERSONA: Um Programa Para a Auto-Avaliação de Personalidade Tipo A/B

Renato M.E. Sabbatini


Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas
WWW: http://home.nib.unicamp.br/~sabbatin Email:renato@sabbatini.com.

Revista Informédica, 2 (7): 15-17, 1994.


Existem diversas evidências que apontam para uma correlação entre doença coronariana e suas complicações, entre os quais o infarto do miocárdio, e fatores de estresse, comportamento e personalidade. Este conceito tem sido pouco considerado pelos patologistas e pelos epidemiologistas, talvez porque seja mais difícil de estudar cientificamente estas variáveis do que parâmetros fisiológicos como nível de colesterol, pressão arterial, etc. Por isso, essa correlação varia muito entre os diferentes estudos relatados na literatura. Além disso, o provável mecanismo fisiopatológico responsável é pouco conhecido (Manuck et al., 1986).

No entanto, o cardiologista clínico observa com freqüência essa correlação entre seus pacientes, e ultimamente têm-se firmado na literatura a ligação entre doença coronariana e um tipo de padrão de comportamento denominado personalidade A (embora ele seja realmente um fator de personalidade). Indivíduos que manifestam este padrão são descritos como agressivos, dominadores, compulsivos, que falam depressa e gesticulam muito, e que fazem várias coisas ao mesmo tempo. Comumente, o clínico caracteriza esse tipo de paciente como "estressado". Já o individuo denominado de tipo B, tem uma personalidade exatamente oposta a essa: não é agressivo, dificilmente se estressa emocionalmente, não respeita prazos, faz uma coisa de cada vez, é muito metódico e pachorrento. A escala de pontos de avaliação de risco cardiovascular adotada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, por exemplo, leva em consideração esse fator, classificando o paciente segundo seis graus: B1, B2, AB, A3, A2 e A1, com risco cardiovascular aumentando em proporção direta. A avaliação é baseada em uma escala de 20 questões bipolares, ou seja de ca-racterísticas contrastantes (por exemplo, "ouve bem, deixa os outros acabarem de falar", versus "antecipa os outros na conversa, interrompe, acaba as frases para os outros"). A resposta é na forma de um número entre 1 e 7, que representa uma gradação, desde mais próxima a um dos pólos até mais próxima do outro pólo de cada par de assertivas.

Desenvolvemos e apresentamos aqui um programa para auto-avaliação da personalidade A/B em um microcomputador, pelo próprio paciente (ou em questionário dirigido pelo médico, psicólogo ou paramédico). O programa funciona da seguinte maneira: cada par de assertivas é mostrado sucessivamente em 20 telas separadas, com uma das assertivas colocada na parte de cima da tela, e a outra na parte de baixo. Ambas são separadas entre si por uma coluna vertical de sete caixinhas. Para responder, o paciente pressiona a barra de espaços no teclado várias vezes, deslocando um retângulo luminoso para um ponto entre os dois extremos, que ele acha que mais se aplica ao seu caso, e pressionando em seguida a tecla ENTER. Ao final, o programa calcula automaticamente o escore e a faixa de personalidade A/B correspondente, segundo os dados da literatura, e o apresenta na tela.

O programa, denominado PERSONA, foi desenvolvido em Turbo BASIC 1.0 (Borland International Co., EUA) para microcomputadores compatíveis com a linha IBM-PC. Em anexo, apresentamos uma listagem do código-fonte, que poderá ser modificado facilmente para incluir outros recursos, tais como gravar o resultado em disco, em uma base de dados de pacientes, listar em impressora, etc.; ou então para inclusão, como uma subrotina, em outro programa (de avaliação de risco cardiovascular, por exemplo). O programa está disponível também em disquete, através do Centro de Documentação em Informática Biomédica do Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP (Caixa Postal 6005, Campinas, 13081-970).


Clique aqui para ver a listagem do código-fonte do programa

Referência Bibliográfica

Manuck, S.B.; Kaplan, J.R.; Matthews, K.A. - Behavioral antecedents of coronary heart disease and atherosclerosis. Arteriosclerosis, 6:2, 1986.


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