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O computador mapeia o cérebro

Em um fantástico desenvolvimento tecnológico, que mistura computadores, supercondutividade e física nuclear, cientistas da Califórnia conseguiram recentemente fazer um mapa tridimensional da atividade elétrica do cérebro. O sistema, batizado por seus inventores de Visualização de Fonte Magnética (ou MSI, sigla das palavras em inglês), permite detectar, com preciso de milímetros, em que parte do cérebro esto funcionando grupos de células cerebrais (neurônios) durante a chegada de uma informação sensorial (um estímulo visual ou auditivo, por exemplo), ou até mesmo quando o cérebro processa um pensamento ou tarefa mental (por exemplo, um cálculo matemático). A maior aplicação do sistema, segundo os doutores C.C. Gallen e F.E. Bloom, pioneiros na utilização do MSI, consistirá na diagnóstico e estudo de fenômenos patológicos, como a epilepsia, que se caracteriza por uma violenta e caótica "tempestade" elétrica cerebral; o derrame cerebral, e até alterações psiquiátricas.

O sistema MSI funciona da seguinte maneira: o paciente tem sua cabeça colocada dentro de um aparelho chamado tomógrafo de ressonância magnética, chamado MRI. Este aparelho permite obter imagens altamente precisas da cabeça, mostrando, inclusive, detalhes anatômicos do interior do cérebro, como se ele tivesse sido "cortado" em fatias. O tomógrafo MRI se baseia nos sinais emitidos pelos núcleos de hidrogênio contidos no cérebro (na maior parte, na água), quando submetidos a um campo magnético intensíssimo. As imagens digitais São produzidas por um sofisticado programa de computador, acoplado ao tomógrafo. Em seguida, o campo magnético do tomógrafo é desligado, e um outro aparelho, chamado magnetoencefalógrafo, registra os minúsculos campos magnéticos gerados pela atividade elétrica dos neurônios, quando eles funcionam. A localização espacial dessa atividade é então superposta pelo software do computador ao da imagem obtida anteriormente pelo tomógrafo, usando uma cor diferente. O resultado é um mapeamento tridimensional preciso da atividade cerebral, que pode enãto ser associado à fenômenos mentais normais ou patológicos. O aspecto curioso deste novo híbrido tecnológico é que ambos aparelhos utilizam enormes bobinas elétricas resfriadas por hélio líquido, para conseguirem o fenômeno da supercondutividade (estado em que os elétrons fluem livremente por um condutor sem precisar de uma voltagem, e sem gerar calor). O tomógrafo usa essas bobinas elétricas para produzir o gigantesco campo magnético necessário para estimular os prótons dos átomos no cérebro, o qual é algumas milhões de vezes mais intenso que o campo magnético natural da Terra. O magnetoencefalógrafo, por sua vez, utiliza também uma bobina detectora de campos magnéticos, denominada SQUID, que precisa estar em estado de supercondutividade, para poder captar os campos gerados pela atividade elétrica das células, por sua vez milhões de vezes mais fracas do que o campo terrestre. O enorme poder de cálculo dos computadores atuais, que são capazes de realizar em paralelo até 1 bilhão de operações por segundo, e um sofisticado software de computação gráfica, juntam tudo isso em imagens inéditas do funcionamento do nosso cérebro. O MSI promete revolucionar a Medicina, não só no estudo do cérebro. Cientistas da Siemens, na Alemanha, conseguiram fazer o mesmo mapeamento para a atividade elétrica do coração, detectando anomalias de condução elétrica que causam doenças cardíacas. No Brasil, grupos de pesquisa no Instituto de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no Instituto de Física e Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos, e do Instituto do Coração da USP, já estão pesquisando os elementos dessas novas tecnologias, como a construção de tomógrafos de ressonância magnética e de magnetoeletrocardiógrafos; desde o início da década dos 80. 


Estados Unidos Preparam a Rede do Futuro

Em uma iniciativa que terá um enorme impacto sobre todos os setores da sociedade (inclusive a Medicina), o governo norteamericano, sob a liderança do vice-presidente Albert Gore, deu largos passos na direção de montar uma fabulosa rede eletrônica digital interligando a maior parte dos computadores existentes nas universidades, centros de pesquisa, repartições governamentais, escolas, hospitais e empresas. Essa rede, denominada NREN (National Research and Education Network - Rede Nacional de Pesquisa e Educação), apelidada de "rodovia de dados", utilizará uma tecnologia de transmissão de dados por fibras opticas a alta velocidade (3 bilhões de bits por segundo, cerca de 70 vezes mais rápida do que a versão atual da rede acadêmica Internet). Essa malha de comunicação permitirá o envio corriqueiro de imagens, voz e outros sinais, além de texto. Para se ter uma idéia, significa poder enviar cerca de 10.000 tomografias por segundo, ou o texto completo de uma Enciclopédia Britânica por segundo. A Medicina será um dos setores que mais se beneficiará com esta tecnologia, como fica aparente no exemplo dado. Hospitais, clínicas e consultórios médicos poderão enviar eletronicamente informações completas sobre os pacientes, permitindo a teleconsulta, a telemedicina (aquisição de dados e controle remotos de instrumentos biomédicos), e o registro médico universalmente disponível. Os impactos sobre a educação médica também serão imensos (por exemplo, através da tele-educação interativa, bancos de dados de imagens para ensino, teleconferências eletrônicas, etc.). Um indicativo de que a Medicina será uma das prioridades é o fato de que o cientista Donald Lindberg, atual presidente da National Library of Medicine, ligado ao National Institute of Health, foi nomeado para presidir o consórcio NREN. Lindberg é um dos "pais" da Informática Médica nos EUA. O orçamento previsto para o projeto é de US$ 400 milhões até 1995, quando se espera finalizar a malha principal do sistema. E o Brasil, como fica ? Evidentemente, como outros países em desenvolvimento, estaremos fora da malha principal, o que nos impossibilitará usufruir dos recursos técnicos mais sofisticados da NREN. 

Os "Livros Eletrônicos" Conquistam a Cardiologia

O desenvolvimento de uma nova técnica computadorizada de acesso a textos e imagens, chamada multimídia, está revolucionando o ensino da Medicina. Um exemplo é a Cardiologia. Um consórcio acadêmico e médico norteamericano de cardiologistas, o Grupo Harvey, associou-se com o Laboratório de Treinamento Médico e Simulação da Universidade de Miami, para criar um sistema de multimídia para o ensino de Cardiologia, que reune textos, animações gráficas, vídeo e som, armazenados em discos laser que podem ser acessados diretamente por um microcomputador. Os programas simulam casos clínicos nas mais variadas áreas da patologia cardiovascular, incluindo a história médica do paciente, exame físico, pulsos arteriais e venosos, bulhas cardíacas, resultados de exames subsidiários (ECG, radiografias, cintilografias, ecocardiografia, angiografias, etc.), terapia (inclusive vídeos de cirurgias) e achados anátomopatológicos (macro e micro). A medida que o caso evolui, o programa de computador faz perguntas ao estudante, e avalia o seu desempenho. O Grupo Harvey, formado pelas universidades de Arizona, Duke, Emory, Florida, Illinois e Mayo Clinic, fez um teste com 432 estudantes, residentes, e médicos assistentes, e constatou que mais de 90% dos alunos relataram uma sensível melhora na sua capacidade de solução de problemas clínicos em Cardiologia.

Outros três grupos acadêmicos, das Universidade de Georgetown, em Washington, DC; Drexel, em Filadélfia, e Cornell, em New York, também estão desenvolvendo "livros eletrônicos" para o ensino da Cardiologia. O primeiro utilizou microcomputadores Macintosh tem o objetivo de ensinar a fisiologia cardíaca através de imagens dinâmicas geradas pelo computador. O grupo de Drexel, liderado pelo Prof. Stephen Dubin, desenvolveu um sistema computadorizado de ensino da interpretação do ECG, chamado EKGenius; enquanto que a Dra. Susanne Stenhaas, de Cornell, produziu um videodisco, chamado Slices of Life (Fatias da Vida), que contém quase 50.000 imagens médicas estáticas e dinâmicas, acompanhado de programas específicos para o ensino assistido por computador em várias áreas, inclusive Cardiologia.

Existem atualmente vários programas comercialmente disponíveis para o ensino da cardiologia básica. Os dois mais conhecidos, EKGLab e HeartLab, permitem ensinar as bases do ECG normal e patológico e a semiologia da ausculta cardíaca, respectivamente. Ambos foram desenvolvidos pela Universidade de Harvard para microcomputadores Macintosh, e utilizam extensamente a técnica de multimídia. São comercializados pela editora William & Wilkins (Electronic Media). O Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP oferece, em seu acervo de software de domínio público, o programa EKGTutor, para microcomputadores da linha IBM-PC. 


Telecomunicações Racionalizam os Custos da Saúde

O custo da assistência médica em muitos países está subindo de forma assustadora. Nos EUA, já atingem quase 1 trilhão de dólares anuais, e não há estabilização a vista, o que motivou a criação de uma comissão de reforma do sistema de saúde, coordenado pela primeiradama, Hillary Clinton. Um dos maiores fatores de custo é justamente a crescente sofisticação da tecnologia médica, que utiliza cada vez aparelhos e procedimentos cada vez mais caros.

Agora, a própria tecnologia poderá vir em socorro do sistema de saúde dos países desenvolvidos, através dos sistemas de telecomunicação. Apenas nos EUA, estima a empresa de consultoria Arthur D. Little, Inc., poderão ser economizados cerca de 36 bilhões de dólares, se forem utilizados mais amplamente os sistemas de telemedicina, teleconsulta e transmissão eletrônica de dados (EDI - Electronic Data Interchange). Nos sistemas de telemedicina, dados dos pacientes, como o ECG de cardíacos graves, monitorados a partir de suas casas, podem ser enviados por telefone para centros de interpretação e análise. Em outra aplicação da telemedicina, hospitais italianos estão utilizando a tele-diálise, que permite controlar a distância, por computador, um hemodialisador simplificado, colocado na casa do paciente nefropata ou em um posto de saúde periférico. O estudo de cinco anos mostrou uma redução de até 70 % nos custos da hemodiálise, um dos procedimentos mais caros da assistência médica em todo o mundo. Nos sistemas de teleconsulta, médicos localizados em hospitais afastados, podem enviar sinais e imagens do paciente, como raios-x e fotografias, e consultar colegas mais especializados em grande centros, aumentando assim a qualidade e a confiabilidade da atenção médica. A empresa Nynex Corp, do grupo ATT, por exemplo, colocou uma rede de fibras óticas entre diversos hospitais do estado de Massachussets, permitindo a transferência digital de imagens e de registros médicos entre três cidades.

Outra solução interessante dada pelo EDI é o processamento eletrônico de seguros médicos. Nos EUA, são submetidos às seguradoras médico-hospitalares mais de 4 bilhões de compensações anualmente. Ao automatizar o processo via redes nacionais de computadores, os pacientes e médicos são reembolsados mais rapidamente, e a conexão com os sistemas dos bancos permite reduzir as perdas inflacionárias, que são gigantescas em países como o Brasil. O menor desperdício reflete em mais dinheiro disponível para o setor. A Associação Médica Americana (AMA) instituiu um sistema em que cada médico associado tem um microcomputador especializado em seu consultório, ligado à rede AMANet e aos bancos, e permitindo assim informação imediata e pagamento no mesmo dia dos serviços prestados aos pacientes.

A utilização dos prontuários médicos de bolso (patient cards), que são cartões óticos capazes de armazenar todos os dados do prontuário médico de um paciente em um único lugar, permitirá também reduzir dramaticamente o custo de realização de exames duplicados e de armazenamento de registros em papel, bem como diminuir os processos de má-prática médica (um dos fatores importantes de custo), graças a uma melhor documentação.

Infelizmente, não existem iniciativas deste tipo no Brasil, ainda. A tecnologia, entretanto, está disponível e não é muito cara. Quem se habilita ? 


Argentina Tem Fundação de Informática Médica

Um consórcio de médicos e hospitais na Argentina teve a boa idéia de aumentar a difusão do uso de computadores no setor de saúde daquele país, através da criação da Fundação de Informática Médica, uma organização privada dirigida por uma dinâmica médica especializada em Informática, Dra. Nora Oliveri. A Fundação tem organizado cursos, reuniões, seminários e congressos), feiras técnicas, etc. Promove, ainda, intercâmbio com instituições internacionais na área, sendo a representante argentina do sistema de acesso on-line de baixo custo à National Library of Medicine, a maior biblioteca médica do mundo, através de um sistema denominado Bitnis. A fundação gerencia também o acesso à rede acadêmica Internet, através do Dr.Net. Uma empresa privada argentina, PccP, fornece senhas de acesso à rede Internet, para médicos, clínicas, laboratórios e hospitais argentinos, sendo que mais de 300 deles já estão ligados. A Fundação também edita um Suplemento de Informática Médica, publicado mensalmente com uma revista médica (veja seção Leia neste número).

A Fundação realizou em 8 a 10 de junho deste ano o II Fórum de Informática Médica, juntamente com uma exposição técnica, que contou com cerca de 20 expositores. No Fórum, diversos especialistas nacionais e estrangeiros ministraram palestras e cursos para cerca de 200 participantes. O editor de Informédica, Prof. Renato M.E. Sabbatini, da UNICAMP, foi o convidado principal, tendo ministrado duas palestras e participado de duas mesas-redondas. Na ocasião, o Prof. Sabbatini doou à Fundação diversas publicações, inclusive duas assinaturas de Informédica, bem como um conjunto completo dos softwares de domínio público do Centro de Documentação em Informática Biomédica (CEDIB) da UNICAMP. Até meados de julho, cerca de 100 cópias já haviam sido distribuídas pela Fundação a médicos interessados.

Informações mais detalhadas podem ser conseguidas pelos interessados no seguinte endereço: Armenia 1538/40, 1414 Buenos Aires, Argentina, Tel. (0054 1) 71-1764, Fax. (0054 1) 71-7997. 


Argentinos Fundam Sociedade de Informática Médica

Em reunião durante as Jornadas de Informática Médica de Buenos Aires, realizadas na cidade de Villa Gesell, próxima a Mar del Plata, em setembro último, um grupo de especialistas na área decidiu criar a Sociedade Argentina de Informática Médica. Na assembléia de criação, que contou com cerca de 50 participantes, foi apresentada a proposta de criação, contendo os objetivos e estatutos da futura sociedade. O Prof. Renato M.E. Sabbatini (editor de Informédica, membro fundador, ex-presidente e atual secretário da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde) foi convidado a apresentar a experiência brasileira na criação da SBIS, em Campinas, SP, durante o I Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, em novembro de 1986. Decidiu-se seguir o exemplo brasileiro nesse sentido, criando-se uma sociedade fundamentalmente acadêmica e profissional, mas contando com uma abertura estatutária à participação de médicos, estudantes, empresários e técnicos interessados nas aplicações da Informática no setor de Saúde, em geral. A criação da SAIM foi o ponto culminante de uma série de atividades nos últimos dois anos na República Argentina, que indicaram o grande crescimento do setor profissional e do interesse dos usuários pela Informática em Saúde, tais como a criação de uma Fundação de Informática Médica (veja Informédica nº 3), a realização, com grande sucesso de três congressos especializados, em 1992 e 1993, em Buenos Aires e Rosário, e as atividades agregadoras passadas de especialistas conhecidos internacionalmente, como o Dr. Valerio Yacubsohn, representante da Argentina junto à IMIA (International Medical Informatics Association) e ex-presidente da Federação Latinoamericana de Informática Médica. A Sociedade Argentina de Informática Médica, cuja criação será concretizada em reunião em Córdoba, em novembro deste ano, a ser organizada pelo Dr. Sergio König, titular da primeira disciplina de Informática Médica em uma escola médica argentina (Universidade Católica de Córdoba). 

Neuromagnetômetro de 122 Canais Revoluciona Neurologia

Um grupo de físicos, engenheiros e médicos da Universidade de Helsinki, Finlândia desenvolveram um novo equipamento de registro da atividade elétrica do SNC que promete revolucionar muitas áreas de diagnóstico, tais como localização mais precisa de fontes de atividade anormal no cérebro (em focos epilépticos, por exemplo). O equipamento (NEUROMAG-122) capta e registra, com o auxílio de uma sofisticada estação de trabalho de alto desempenho, os campos magnéticos gerados no interior do cérebro, até 122 canais, simultaneamente. O sistema, também chamado de magnetoencefalógrafo (MEG) é completamente não invasivo (nem usa eletrodos em contato com a cabeça, mas apenas um capacete), e utiliza o princípio da interferência quântica sob supercondutividade (SQUID ou Superconducting Quantum Interference Device). Sua resolutividade espacial é de apenas alguns milímetros e a resolutividade temporal é melhor que a de um EEG convencional (cerca de 1 milisegundo). As bobinas captadoras dos campos magnéticos (que são algumas centenas de milhares de vezes mais fracos que o campo magnético terrestre) são imersas em um tanque de hélio líquido. O conjunto todo precisa ficar em uma sala especial, totalmente blindada contra influências magnéticas externas.

Em dois exemplos de utilização clínica, os autores estudaram potenciais evocados cerebrais em resposta a estímulos acústicos bilaterais e mapearam as respostas elétricas sobrepondo-as sobre uma tomografia de ressonância magnética obtida do mesmo paciente (veja Informédica nº 2, nesta seção, para uma descrição sobre como isso é feito). Em outro estudo, com pacientes epiléticos, o MEG foi utilizado para localizar a atividade elétrica em forma de espículas, que apareciam primeiro no lado direito do córtex centroparietal. O MEG possibilitará estudos dinâmicos de alta resolutividade temporal e espacial da atividade do cérebro humano intacto, inclusive em pesquisas sobre processamento sensorial e cognitivo, bem como em diagnóstico neuropsiquiátrico. O equipamento será comercializado em futuro próximo pela firma Neuromag Ltd, da Finlândia. 


Computador Diminui Erros de Medicação no Hospital

Utilizando um computador portátil e um software desenvolvido pelos cientistas israelenses Mordehai Ravid e Dan Kedem, o médico pode realizar suas visitas diárias às enfermarias e digitar todos os dados relativos às prescrições passadas. Posteriormente, o computador é conectado a um dispensador mecânico contendo cerca de 80 medicamentos diferentes. O equipamento opera sob o controle do computador, enchendo com o número correto de pílulas, cápsulas e ampolas a bandeja para cada paciente, ao mesmo tempo produzindo um impresso com a lista de medicamentos, nome do paciente, formas e tempos de medicação prescritos pelo médico. Esse processo reduz grandemente a possibilidade de erro humano, agiliza e corta custos do processo. O mesmo sistema de computação (baseado em um IBM-PC) realiza outras tarefas. A enfermagem pode inserir anotações e comentários, e o estoque de medicamentos na enfermaria também pode ser controlado. Além, evidentemente, de vários relatórios estatísticos que podem ser obtidos com a finalidade de estudos e controle. Informações: Prof. M. Ravid, Sapid Medical Center, 44 281 Kfar Sava, Israel. 

Novo Microcomputador com Arquitetura RISC Encontra Aplicações em Saúde

A empresa Acorn Computers, da Inglaterra, produtora dos microcomputadores Acorn e BBC, de fenomenal sucesso (mais de 1,2 milhões de máquinas vendidas), lançou o primeiro microcomputador pessoal do mundo com arquitetura RISC (Reduced Instruction Set Computer), que são duas ordens de magnitude mais rápidos que os microprocessadores convencionais, e custam menos para serem produzidos. O sistema, denominado Archimedes, pode utilizar toda a imensa base de software existente para os micros BBC e IBM PC (através de um PC Emulator). O National Health Service britânico encontra-se entre um dos maiores compradores das novas máquinas. Entre as aplicações no campo da Saúde, descritos no primeiro número do Acorn Healthcare News (um boletim da empresa voltado para esse mercado), conta-se: Informações: Acorn Computers Ltd., Fulbourn Rd., Cherry Hinton, Cambridge CB1 4JN, England. 

Holanda Desenvolve Estação de Trabalho Médica Integrada

De forma cada vez mais acelerada, os médicos estão sendo confrontados em seu dia-a-dia com uma gama extremamente ampla e heterogênea de fontes e tipos de informação. ECGs, angiogramas, tomografias, anamnese, exames laboratoriais, registro médico, documentos legais e outras informações essenciais sobre o paciente chegam em grande volumes e podem ser armazenadas, atualmente, em bancos de dados situados em computadores distintos, localizados nos departamentos, setores de medicina especializada e sistema de informação hospitalar integrada. O conceito de estação de trabalho médica (medical workstation) possibilita a integração de todos estes dados em uma única máquina, utilizando um software que recupera, exibe, armazena e transfere imagens, sinais, textos, sons, etc. Este é considerado o futuro da computação médica, e muitas instituições universitárias e empresas de Informática Médica estão trabalhando no sentido de implementar estações deste tipo, atualmente.

O respeitado Departamento de Informática Médica da Universidade Erasmus de Rotterdam, na Holanda, dirigido pelo Prof. Jan Van Bemmel, desenvolveu e apresentou no Congresso Mundial de Informática Médica, em Genebra, Suiça, o sistema HERMES, um moderno sistema integrado para estação de trabalho médica, que utiliza uma arquitetura aberta e altamente flexível, baseada em um modelo denominado cliente-servidor. HERMES pode funcionar como um ponto de entrada para acessar dados e equipamentos disponíveis em uma rede local (LAN), e tem a capacidade de integrar pacotes de software já existentes, tais como sistemas de gerenciamento de bancos de dados, pacotes estatísticos e gráficos, processadores de textos, etc. O sistema pode ser ampliado pelo próprio usuário. HERMES inclui dicionários de termos médicos, facilitando, desta forma, a seleção rápida de dados clínicos de acordo com a terminologia correta. O software foi desenhado de modo a ser utilizado facilmente por pessoal médico, e incorpora telas orientadas à janelas, menus, gráficos e uso do mouse. O trabalho foi desenvolvido em cooperação com o Centro do Tórax do Hospital Universitário de Rotterdam, Holanda, e o Grupo de Produtos Médicos da Companhia Hewlett-Packard Europa. Informações adicionais: HERMES Group, Dept. Medical Informatics, Erasmus University, P.O. Box 1738, 3000 DR Rotterdam, The Netherlands. Tel. (0031 10) 408-7050 e fax (0031 10) 436-2882. 


Linguagem MUMPS Muda de Nome e Cara

A linguagem MUMPS (sigla de Massachussets General Hospital Utility Multiprogramming System) foi inventada em 1967 por um grupo de médicos e analistas de sistemas do Laboratório de Computação do Massachussets General Hospital, sob a liderança do Dr. Octo Barnett. O objetivo era desenvolver um sistema genérico que, ao mesmo tempo, fosse um sistema operacional, linguagem de programação e gerenciador de bancos de dados tipicamente encontrados em aplicações médicas, nas quais era necessário armazenar texto livre em estruturas hierárquicas de dados. O MUMPS (que também significa "cachumba", em inglês) foi largamente aceito e disseminado nos anos seguintes, não só na comunidade médica, mas também entre programadores e analistas de sistemas em geral, devido à facilidade de programação e alto desempenho em ambientes multiusuarios. Foi a quarta linguagem de alto nível a ser padronizada pelo ANSI (American National Standards Institute), em 1977, e desde então esse padrão passou por diversas revisões e atualizações, acompanhando o progresso da Informática. Devido ao uso não exclusivo na área médica, e ao fato de que novas tecnologias de última geração passaram a ser incorporadas à linguagem e ao sistema operacional, o MUMPS Development Committee (MDC) decidiu aprovar, em 1990, que o nome M-Technology passaria a ser utilizado alternativamente. Em meados de 1992, todos os grupos de usuários MUMPS do mundo aprovaram a mudança, concretizada este ano. Os famosos MUGs (MUMPS User Groups), que tanta importância tiveram para o desenvolvimento e suporte à linguagem, passaram a se chamar M-Technology Associations (inclusive no Brasil). Novas versões do M, como a desenvolvida pela empresas Micronetics, dos EUA, representada no Brasil pela CompScientia, do Rio de Janeiro, incluem recursos avançados como interface gráfica para Windows, bases de dados distribuídas, portabilidade para diversos sistemas operacionais e quipamentos, etc. Continua a ser muito usada para aplicações de gerenciamento médico e hospitalar. Informações: M-Technology Association do Brasil, Rua das Marrecas, 25/802, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20031-120, tel. (021) 240-5020. 

CD-ROMs Invadem a Medicina

O barateamento das estações de multimídia e das unidades leitoras de CD-ROM (Compact Disk Read-Only Memory), um disco laser semelhante ao CD, que pode armazenar até 600 megabytes de informação digital, está provocando um verdadeiro maremoto de novos títulos, publicados em todo o mundo (veja artigo sobre o tema, neste número de Informédica). A Medicina, particularmente, devido à grande quantidade de informações necessárias, é um campo ideal para essas aplicações, e está sendo "invadida" por um número cada vez maior de bases de dados e publicações em CD-ROM, que, pela primeira vez, estão se diferenciando bastante das já conhecidas do público médico, como o Index Medicus (MEDLINE). Vejam, para terem uma idéia dessa verdadeira loucura, alguns dos títulos publicados recentemente:

MEDLINE Indexa Termos de Informática Médica

Onde encontrar trabalhos sobre Informática Médica ? Esta é uma pergunta freqüente feita por quem deseja se aprofundar mais nessa área. Uma resposta natural para quem trabalha em Medicina é usar a já amplamente conhecida BIREME, localizada em São Paulo, e que centraliza. no Brasil, os bancos de dados bibliográficos da National Library of Medicine (EUA), entre os quais o MEDLINE (Medical Information On Line), que permite a pesquisa bibliográfica por computador do Index Medicus. Desde 1972, os trabalhos publicados que versam sobre Informática Médica são indexados por palavras-chave específicas. Atualmente (1994), os seguintes termos são utilizados para indexação:

Pós-Graduação em Informática Médica no MIT/Harvard

Quatro das mais prestigiosas instituições de pesquisa em Medicine e em Informática do mundo se uniram para oferecer um programa altamente qualificado de treinamento de pesquisa em Informática Médica. Elas são: a Faculdade de Medicina de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), o Centro Médico da Nova Inglaterra, e a Universidade Tufts, todos localizados na região de Boston, estado de Massachussetts, EUA. Estão disponíveis vagas para início em julho de 1994, com diversas opções de treinamento:
  • Doutoramento e pós-doutoramento, com cursos sobre Inteligência Artificial, Engenharia do Conhecimento e Teoria da Decisão aplicados à Medicina, no MIT, sob a direção do Dr. Peter Szolovits; ou sobre modelagem de sistemas de saúde, análise de decisão e prognóstico médico, no Departamento de Ciência da Decisão em Saúde de Harvard, sob a direção do Dr. Milton Weinstein;
  • Pós-doutoramento, com cursos sobre UMLS, sistemas radiológicos, arquiteturas orientadas a objeto, aplicações em redes de computadores, aplicações educacionais, sistemas de apoio à decisão, etc., no Decision Systems Group, Brigham and Women's Hospital, sob a direção do Dr. Robert A. Greenes; ou no Laboratory of Computer Science, Massachusetts General Hospital, sob a direção do Dr. G. Octo Barnett; ou na Division of Clinical Decision Making, NEMC (sob a direção do Dr. Stephan G. Pauker).
  • Informações e inscrições: Medical Informatics Training Program, Robert A. Greenes, MD, PhD, Decision Systems Group, Brigham and Women's Hospital, 75 Francis Street, Boston, MA 02115, Tel. (617) 732-6281, Fax: (617) 732-6317, Email: greenes@ harvard.edu


    Supercomputador Monta Imagem Tridimensional do Coração

    O Centro de Supercomputação da Universidade do Texas em Austin está aplicando o enorme poder computacional do seu supercomputador modelo Cray Y-MP 8/864 em diversas aplicações médicas e biológicas. O supercomputador, que consta de oito processadores em paralelo, é capaz de a-tingir a velocidade de cerca de um bilhão de operações por segundo. Um dos projetos mais interessantes é o desenvolvimento de novos algoritmos para a obtenção de imagens tridimensionais do coração, a partir de cortes tomográficos realizados em um aparelho de ressonância magnética (MRI). Neste projeto, desenvolvido pela equipe do físico Dr. Raleigh F. Johnson, dados bidimensionais com matrizes de 256 por 256 pixels do MRI são processados no supercomputador, utilizando um algoritmo de interpolação trilinear. O volume resultante é exibido em uma estação gráfica da Silicon Graphics, modelo 4D/310/GTX. Segundo o Dr. Raleigh, o supercomputador é essencial para esta tarefa, devido ao enorme volume de dados a serem processados em curto tempo, uma vez que se deseja que o médico usuário possa rotacionar a imagem interativamente. De todos os órgãos no corpo, o coração é o mais difícil de se obter uma imagem tridimensional, uma vez que ele se move continuamente. Os pesquisadores tiveram que desenvolver uma maneira altamente precisa de sincronizar a tomada da imagem com a batida do coração, usando o ECG do paciente. O supercomputador, com sua enorme velocidade de processamento, permite obter uma animação gráfica do coração batendo, em três dimensões e em tempo real. O valor diagnóstico dessa nova técnica pode ser considerável para o cardiologista, segundo os pesquisadores da Universidade do Texas em Galveston, uma vez que anormalidades cardíacas com formas complexas em três dimensões poderão ser visualizadas e avaliadas com maior facilidade e precisão. Fonte: OutLook, UT System Center for High Performance Computing, 1(1), 1992. 

    Superestradas da Informação Terão Aplicações em Saúde

    Uma das promessas da chapa Clinton-Gore na campanha presidencial foi o de expandir consideravelmente a infraestrutura de comunicação de dados através de redes de computadores nos EUA, projeto esse apelidado de "Data Highways". Depois de eleito, Clinton apressou-se em cumprí-la, constituindo comitês de estudos e alocando enorme soma de financiamento federal para o que agora se chama, mais seriamente, de NII - National Information Infrastructure. O argumento do presidente é baseado em extensos estudos estratégicos que vem sendo realizados há alguns anos pela National Science Foundation (órgão federal de financiamento à pesquisa, com orçamento de US$ 5 bilhões anuais) e pelo Office of Technological Evaluation (OTA) do Congresso Americano, entre outros. Boa parte da motivação decorre do impacto sobre a ciência, a tecnologia, o comércio e as relações sociais, causado pelo estabelecimento e operação, a partir do território norte-americano, da maior rede de computadores na história da Humanidade, a INTERNET. No primeiro semestre de 1994, esta rede completou cerca de 3,7 milhões de nodos interligados em mais de 100 paises, com um número estimado em mais de 20 milhões de usuários. O Brasil comparece com cerca de 12.000 nodos, apenas 0,18% do total mundial, o que demonstra como ainda estamos atrasados quanto a este aspecto. Entretanto, nossa participação percentual em relação ao total das ligações dos países da América do Sul e Central é maciça: mais de 56 %.

    Pois bem, um dos argumentos para justificar a necessidade da NII, mais utilizados pelo vice-presidente Al Gore, afinado com a reforma do sistema de saúde norte-americano, comandado pela primeira-dama Hillary Clinton é o da potencialidade para as aplicações no setor de saúde, que se encontra com sérios problemas. Em 1995, espera-se que os EUA gastem cerca de 1 trilhão de dólares neste setor, ou seja, 19 % do PNB. Por trás destes números impressionantes revela-se um sistema ineficiente e injusto, pois 10 % da população é totalmente desassistida, e o desperdício de recursos é gigantesco. Países em estágio semelhante de desenvolvimento, como o Canadá, gastam menos de 12 % do PNB em saúde, e tem cobertura praticamente de 100 %. Por isso, pretende-se usar pesadamente a Informática e a NII para melhorar o acesso à informação e a qualidade dos serviços de saúde. Por exemplo, apenas 15 % dos 4,6 bilhões de transações de cobrança do setor saúde são feitos eletronicamente, em contraste com 90 % dos 10 bilhões anuais do sistema financeiro. A seriedade das intenções de Clinton foi confirmada através da nomeação de um médico, e diretor da National Library of Medicine, Dr. Donald Lindbergh (também é um dos "pais" da Informática Médica dos EUA), para dirigir o NII. Entre as aplicações potenciais para a NII está a telemedicina (veja revista Informédica No. 6), ou a transmissão remota de dados, imagens e sinais de pacientes; a integração eletrônica dos sistemas de seguro-saúde, a informatização maciça dos hospitais, o acesso à literatura científica, a melhoria da atenção às zonas rurais e remotas, etc. Diversos projetos fascinantes estão em andamento, e serão relatados em Informédica à medida que mostrarem resultados. 


    Navegação por Som Ajuda os Cegos

    Pesquisadores da Universidade de Califórnia em Santa Barbara, nos EUA, estão desenvolvendo um sistema para ajudar os cegos a se locomoverem em um ambiente desconhecido sem ajuda. O sistema de orientação é um equipamento carregado pelo cego, que consta de fones de ouvido, uma bússola eletrônica montada na cabeça, e uma mochila contendo o computador de controle e um detector de sinais provenientes dos satélites usados pelos militares, navios e aviões para localização precisa em qualquer ponto da Terra (GPS ou Global Positioning System). O sistema utiliza a bússola e o o GPS para dterminar a orientação e localização da pessoa. Essa informação é comparada pelo computador portátil com um mapa da área onde ele está, e os sinais de orientação são emitidos por um sintetizador sonoro virtual. Estes sinais sonoros parecem "emanar" de algum obstáculo ou ponto de referência presentes perto da área onde ele se encontra, como, por exemplo, uma parada de ônibus oi a entrada de um prédio. Voz sintetizada pelo computador pode ser usada para identificar que ponto é aquele, e o cego pode usar um microfone para selecionar um destino ou adicionar um ponto de referência ao mapa computadorizado. A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Dr. Jack Loomis, um psicólogo, a fisiologista Roberta Klatzky e o professor de geografia Reginald Golledge, que é cego. Ela é ainda experimental, mas já provou que funciona em testes iniciais. Entretando, um equipamento baseado nela ainda demorará alguns anos para ser comercializado. 

    França Desenvolve Primeiro Sistema Especialista Operado pelo Paciente

    DIABOLO é o nome de um sistema especialista baseado em microcomputadores, desenvolvido pela empresa Cognitech, da França, e que tem por objetivo auxiliar a terapia e a educação do diabético insulina-dependente. Nessa área não existem problemas diagnósticos importantes, porém o protocolo terapêutico pode ser bastante complexo, dependendo intimamente do conhecimento que o paciente tem de sua própria doença. Assim, DIABOLO é o primeiro sistema especialista de grande porte a ser concebido para o paciente e não para o médico. Como tal, a arquitetura e desempenho do sistema tem características muito interessantes, que pode servir de modelo para outros problemas semelhantes. Ela se baseia em dois mecanismos integrados de inferência: o primeiro, denominado cognitivo, é um especialista médico em diabetologia, e ativa uma base de conhecimentos de cerca de 300 regras de produção, usando encadeamento misto. Este módulo decide sobre escolha do tipo de insulina, mudança do esquema terapêutico, adaptação das doses de insulina ao aporte calórico, tratamento de descompensações cetônicas e hipoglicêmicas, e preparação para esforços físicos incomuns. O segundo mecanismo, denominado adaptativo, funciona apenas com encadeamento direto, e se baseia na lógica de predicados. Tem cerca de 40 regras, que dizem respeito ao levantamento do perfil individual do paciente, seu histórico nosológico e terapêutico e sua interação pedagógica com o sistema. O objetivo desse módulo é modificar o esquema terapêutico em função do tipo de insulina, número e dosagem das injeções, resultados da monitorização glicêmica, sintomas relatados pelo paciente, etc., educando o paciente durante esse processo. O mecanismo adaptativo é ativado antes de iniciar a consulta ao sub-sistema cognitivo, e tem capacidade explicativa. Cada pergunta feita ao paciente e a respectiva resposta são armazenados pelo programa, juntamente com a data, de modo que o mecanismo cognitivo é ativado de acordo com o grau de conhecimento que o paciente tem sobre sua doença. O teor das perguntas realizadas pode entåo ser alterado adaptativamente. 

    Orientação Multimídia para Bibliotecas Médicas

    Pesquisadores americanos desenvolveram uma estação de referência assistida por computador (CAR - Computer Assisted Reference) para responder a questões comuns sobre localização de publicações e instrução na Biblioteca de Ciências da Saúde da University of Tennessee, Memphis. O sistema foi desenvolvido usando HyperCard para Macintosh. O CAR foi desenvolvido para dar aos usuários da biblioteca informações direcionais e instruções quando necessárias e para servir como alternativa nos momentos que os funcionários não estão disponíveis ou não estão presentes, e também para permitir que os funcionários tenham mais tempo para o desempenho de outras funções. O sistema inclui informações expostas na forma de texto e gráficos e não requer do usuário um conhecimento prévio, já que só é necessário clicar com o mouse sobre a opção desejada. Todas as telas permitem ao usuário navegar pelas outras telas e pedir ajuda de como usar o programa.O programa tem um módulo de apresentação, quatro módulos de informação e um módulo de ajuda. Os quatro módulos de informação incluem:1. um passeio guiado pela biblioteca com mapas; 2. uma descrição dos serviços da biblioteca e informação de como usá-los;3. um guia para localizar materiais na biblioteca, incluindo mapas; 4. tutoriais de como usar ferramentas de referência específicas. 

    Sistema Multimídia de Referência para a Prática Médica

    Um grupo de médicos e analistas dos EUA desenvolveu recentemente um sistema multimídia para ser usado na prática clínica. O sistema foi desenvolvido usando HyperCard para microcomputadores MacIntosh, e possue uma interface de reconhecimento de voz que facilita a entrada de dados de pacientes. O sistema utilizado combina ítens visuais (fotografias, diagramas e ícones), sons e textos; e fornece ao médico, durante a anamnese do paciente, uma lista de termos de referência médica rápida, descrevendo achados físicos anormais localizados na cabeça, pescoço, tórax e abdomen que o sistema de reco-nhecimento de voz é capaz de compreender. O material utilizado no programa foi obtido em 11 livros de exames físicos, três atlas médicos, quatro coleções de slides e fitas de ausculta cardíaca. As ilustrações que não foram achadas nestes materiais foram desenhadas em forma de diagramas. A acurácia e eficiência do sistema no uso clínico normal foram avaliados em um experimento com oito médicos do hospital universitário, para o teste piloto. Este teste mostrou que quando os usuários não usam um vocabulário específico originam-se problemas de difícil resolução. Referência: Wyatt, J. C.; Detmer, W. M.; Fagan, L. M. Design and Evaluation of Multimedia Stimuli to Evoke Clinical Concepts. In: Seventeenth Annual Symposium on Computer Applications in Medical Care, Washington, 1993. AMIA, 1994. p.834-8. 

    Telemedicina Progride nos EUA

    Um consórcio de empresas e agências governamentais norteamericanas realizou em setembro último uma demonstração da tecnologia da telemedicina para membros do Congresso e do go-verno Clinton. A demonstração simulou uma situação na qual o socorro à vitima de um acidente automobilístico necessita a colaboração de diversos médicos em diferentes cidades, que rapidamente examinam o prontuário médico computadorizado do paciente, radiografias e tomografias de MR, para elaborar um iagnóstico e conduta. A demonstração indicou também alguns dos obstáculos para que esse sistema entre em funcionamento efetivamente nos próximos meses: a necessidade de padrões de registro dos dados clínicos entre os especiais, a falta de regras consistentes para proteger a confidencialidade do paciente, e software inadequado para recuperação e exibição de imagens médicas em redes. 

    Impressora Tridimensional Encontra Aplicação em Cirurgia

    O Centro Médico da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) desenvolveu uma nova aplicação de tecnologia de ponta em Informática, através da qual é produzido um molde tridimensional do crânio de pacientes, a partir dos cortes de imagens obtidas em um tomógrafo computadorizado de raios-x (CT). Os modelos são usados pelos cirurgiões para planejar operações complexas de correção de defeitos faciais, graças a um novo tipo de impressora tridimensional, denominada <M>estereolitógrafo a laser, que é capaz de esculpir automaticamente qualquer peça em plástico ou metal, de uma maneira tão fácil e rápida quanto uma impressora convencional, usando tinta sobre papel.

    O estereolitógrafo funciona da seguinte maneira: um potente raio laser, comandado pelo computador, é projetado sobre um recipiente contendo um polímero liquefeito (uma espécie de plástico, que se solidifica em contato com a radiação do laser). Utilizando um desenho detalhado da peça que se quer fabricar (planta baixa), o mesmo é dividida em fatias pelo software. Cada fatia é esculpida pelo raio laser, que traça seu contorno no polímero líquido. A medida que ele percorre o recipiente, é formada uma película sólida com o mesmo formato da fatia. Em seguida, o recipiente é abaixado uma fração de milímetro, e o raio laser traça a fatia seguinte da planta computadorizada, que também se solidifica, se ligando à anterior. Desse modo, objetos tridimensio-nais complexos podem ser fabricados em pouco tempo. Segundo o Dr. Marshall Burns, presidente de uma das várias empresas que já estão com estereolitógrafos no mercado (custo de um deles: 200 mil dólares), estas máquinas deverão ficar cada vez mais baratas, e que dentro de uns 10 a 15 anos existirão modelos para computadores pessoais. As aplicações em todos os setores da indústria, dos serviços e do ensino serão enormes, e difíceis de prever. Outras aplicações previstas para a Medicina são: documentação de estudos de ultrassom abdominal (modelos tridimensionais detalhados de um feto, por exemplo), produção de próteses individualizadas para cirurgia plástica e reabilitação de amputados, válvulas cardíacas, etc.; produção de modelos tridimensionais de moléculas para ensino e pesquisa de novas drogas, etc. 


    Europa Estuda Desenvolvimento de Padrões de Dados Hospitalares

    A guerra entre os padrões de intercâmbio de dados no ambiente médico-hospitalar continua, sem fim a vista. Por ser extremamente importante para o futuro da Informática Médica, tanto do ponto de vista organizacional quanto financeiro. Com o estabelecimento progressivo de gigantescas redes de intercomunicação de dados na área de saúde, algumas delas trans-nacionais, a questão de definição dos padrões é crucial, e o país que conseguir impor suas normas terá uma grande vantagem comercial. Entre os padrões em estudo na área médica estão o HL-7 (Health Level 7), o ASTM e o EDIFACT, entre outros. Recentemente, a Comunidade Européia, com todo seu poderio econômico, entrou em campo, estabelecendo um estudo multinacional para um novo padrão de dados hospitalares, denominado MediaH Project, o qual é baseado em um conjunto de padrões de intercomunicação eletrônica de dados credenciado pelo ISO (International Standards Organization, da ONU), denominado EDIFACT. Esse sistema foi considerado o melhor, por oferecer soluções para pronta implementação, bem como para migração futura. Isso livra os programadores da cansativa tarefa de refazer todos os sistemas cada vez que surge um novo padrão ou novas versões de um padrão já existente. Inicialmente, o Media H fornecerá meios de intercomunicação para resultados de laboratórios, laudos médicos, identidade do paciente e dados clínicos dos pacientes. O grupo de trabalho do MediaH oferecerá software de domínio público para efetuar a tradução automática entre este e outros padrões de bancos de dados. O sistema está sendo testado em mais de 50 hospitais associados à Assistance Publique Hôpitaux de Paris (AP-HP), que tem mais de 30.000 leitos e realiza cerca de 4 milhões de consultas e 1 mi-lhão de internações por ano. <M>Informações adicionais: SIG Services BXV, P.O. Box 14066, 3508 SC Utrecht, The Netherlands. Tel. 003130-345668, Fax 003130-345172. 

    Novas Alianças Definem Intercomunicação Digital na Área de Saúde

    A rápida expansão no interesse dos hospitais, médicos e seguradoras médicas em se intercomunicar através de redes de computadores, integrando informações usadas por todos, está provocando nos EUA uma impressionante reengenharia dos sistemas de telecomunicações. Um exemplo foi dado recentemente pela BellSouth, a operadora de telecomunicações da região sul dos Estados Unidos, que abrange os estados de Alabama, Florida, Georgia, Kentucky, Louisiana, Mississippi, North e South Carolina e Tennessee. Foram esco-lhidas 27 cidades-alvo para implementar um projeto com o investimento inicial de 500 milhões de dólares, envolvendo uma aliança entre a BellSouth, a Martin-Marietta (como integradora de sistemas), e 31 outras empresas. O projeto, denominado "Community Crossroads" (Encruzilhada Comunitária), anunciada em setembro de 1994, tem por objetivo criar arquiteturas especializadas de intercomunicação digital de dados usando o padrão ISDN (Integrated Services Digital Network), supervias locais de informação e sistemas aplicativos personalizados para vários segmentos comunitários, tais como educação, governo, negócios e saúde. O mercado de saúde é o maior de todos, correspondendo a cerca de 40 % do total, e tem por objetivo principal interligar os hospitais entre si, e os hospitais e os médicos. Tipicamente, um sistema ISDN integra dados, voz e vídeo, usando tecnologias avançadas de Informática e Telemática, tais como a placa Proshare, desenvolvida pela famosa empresa Intel, que permite videoconferência digital em tempo real. Deste modo, os médicos podem intercambiar rapidamente, e a um baixo custo (cerca de US$ 3000 por estação, incluindo o software e uma câmara de vídeo tipo Camcorder), dados como radiografias, ECGs, prontuários de pacientes, etc., e podem conversar entre si, usando a videoconferência. A empresa Martin-Marietta está desenvolvendo, para essa finalidade, um modelo de registro médico computadorizado multimídia, que tornará disponível o mesmo a todos os profissionais que recebem autorização de acessá-lo através da rede (por exemplo, em caso de atendimento de emergência). Na tentativa de redução de custos e de otimização operacional, muitos hospitais estão estabelecendo conexões ISDN com todos seus médicos. Estima-se que a economia proporcionada pode chegar a mais de 50 milhões de dólares na área da BellSouth, por ano. Outro grande benefício do sistema é proporcionar ligações entre o pessoal da saúde e as escolas e centros de pesquisa, com a finalidade de incentivar a educação continuada e a educação à distância, bem como a cooperação na pesquisa médica. A base e a motivação do sistema é a comunidade, que pode selecionar quais serviços deseja, e quando, sob um esquema favorável de preços. 

    Informática Médica na Internet

    A IMIA (International Medical Informatics Association) está oferecendo, desde novembro do ano passado, um grande repositório de informações sobre Informática Médica, através da rede acadêmica internacional Internet. A IMIA é a federação internacional de cerca de 40 associações nacionais de Informática Médica.O mecanismo de acesso a esta informação é o Gopher, que é uma espécie de menu interativo de navegação através da Internet, que permite a consulta a base de dados remotas, a cópia de arquivos, etc. Para poder usar o Gopher, a máquina principal na qual o usuário tem sua conta de acesso à Internet, deve ter o programa chamado Gopher Client. O IMIA Gopher oferece extensas informações sobre a IMIA, seus objetivos, programas, recursos, atividades, congressos, publicações, etc. Além disso, acumula listas de endereços na Internet onde podem ser encontrados boletins eletrônicos, software de domínio público, bases de dados bibliográficas, etc., referentes à Informática Médica. Entre as bases de dados mantidas pela IMIA, existe o Database of Educational Programs in Medical Informatics, que é uma iniciativa do Grupo de Trabalho 1 da IMIA (Information Science and Medical Education), que contém informações sobre as faculdades e instituições em todo o mundo que oferecem programas de graduação, pós-graduação, especialização e pós-doutorado em Informática Médica. Para entrar no IMIA Gopher, deve-se proceder da seguinte forma: 1) se sua instituição tem um Gopher Client, digite o comando gopher, e escolha os seguintes menus: Other Gopher and Information Servers, em seguida All the Gopher Servers in the World, depois North America, depois Maryland, em seguida University of Maryland at Baltimore, e, finalmente, International Medical Informatics Association. 2) Se a sua instituição não tem um Gopher Client, mas pode fazer telnet, conecte-se à máquina consultant.micro.umn.edu (134.84.132.4) ou a <W0>trout.ab.umd. edu (134.192.1.6) e use os menus acima. Informações mais detalhadas podem ser conseguidas com Miriam Jaffe (endereço eletrônico: mjaffe@trout.ab. umd.edu). 

    AMIA Realiza Programa de Visitas

    A American Medical Informatics Association anunciou recentemente para seus membros a realização de um programa de visitas aos maiores centros de pesquisa e ensino em Informática Médica dos EUA. Durante 1995 serão visitados: O Laboratório de Ciência da Computação do Massachusetts General Hospital, o Centro de Computação Clínica e o Grupo de Sistemas de Decisão do Brigham and Woman's Hospital da Faculdade de Medicina de Harvard (Boston), o Departamento de Informática Médica do Centro Médico da Universidade de Columbia-Presbyterian, em Nova Iorque, o Regenstrief Medical Institute, em Indianapolis, a Seção de Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, o Departamento de Informática Médica e o Later Day Saints Hospital da Universidade de Utah, a Universidade Washington, em Tacoma, e a Faculdade de Medicina da Universidade Washington em St. Louis. Somente membros da AMIA podem participar, pagando uma taxa módica. Viagem e alojamento correm por conta de cada participante. <W0>Informações: AMIA - American Medical Informatics Association, 4915 St. Elmer Ave. 302, Bethesda, MD 20814, USA. 

    Consórcio Educacional Lança Software de Autoria

    O Health Sciences Consortium (HSC), um consórcio internacional que reúne centenas de faculdades de ciências de saúde de todo o mundo, baseado nos EUA, pretende produzir um grande número de programas interativos de simulação clínica, para ensino baseado em casos (Consortium Case Studies). Com essa finalidade, desenvolveu um "kit" para autores interessados em contribuir, que consiste de um manual de orientação prática, o programa de computador para autoria, e uma demonstração computadorizada e em papel, que ilustra passo a passo o conteúdo de um caso e todos seus elementos básicos. Os docentes selecionados para criar uma série de casos receberão o kit, e trabalharão em colaboração com o Departamento de Educação Médica Baseada em Computador do HSC para produzir programas de computador de alta qualidade e validade educacional. O Departamento se responsabilizará pela revisão, editoração e integração dos conteúdos aprovados. Serão adicionados elementos de som, gráficos, animação e outros elementos de multimídia aos programas. Em seguida eles serão testados, revisados e preparados para publicação. Todos os custos de produção, promoção e distribuição serão cobertos pelo HSC. Uma primeira série de estudos de caso, intitulada Case Studies in Essential Hypertension, já está disponível. O Health Sciences Consortium tem centenas de outros materiais didáticos, como videocassetes, manuais, programas de computador, videodiscos, etc., para complementar a educação médica. Interessados em contribuir (em inglês) devem contactar Linda Enders, CBE Projects Coordinator, Health Sciences Consortium, 201 Silver Cedar Court, Chapel Hill, NC 27514-1517, USA. Tel. (001 919) 942-8731, Fax (001 919) 942-3689. 

    OMS Indica Novo Centro Colaborador em Informática Médica

    A Organização Mundial de Saúde anunciou a indicação da Divisão de Serviços de Informação da Universidade de Maryland em Baltimore, EUA, como um novo centro colaborador em Informática em Saúde da OMS, o primeiro do gênero no país. A diretora do novo centro é a Dra. Marion J. Ball, vice-presidente da Universidade e presidente da International Medical Informatics Association (IMIA). Como centro colaborador, a UMAB será responsável por projetos na área de ensino de gerenciamento de informação em saúde e auxiliará paises em desenvolvimento no estabelecimento de cursos curriculares em Informática em Saúde. A designação tem validade até agosto de 1997. 

    Núcleo de Informática Médica de Córdoba Tem Atividades

    O Prof.Dr. Sergio A. König, médico nefrologista e professor titular de Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Córdoba, fundou em 1994 o Núcleo de Informática Médica, que tem como objetivos a pesquisa, o ensino e a disseminação de informações sobre a área, na Argentina e outros países de lingua espanhola da América Latina. Desde a sua fundação o NIMCBA tem realizado numerosas atividades, entre as quais a realização do I Curso Argentino de Capacitación Docente en Informática en Salud, em abril de 1994, e vários seminários sobre Informática Médica em Buenos Aires e Córdoba. Desde abril de 1994, o NIMCBA edita também o primeiro índice de citações bibliográficas em Informática Médica, que lista trimestralmente os artigos publicados na literatura mundial sobre Informática e Medicina (as fontes principais são o MEDLINE, o LILACS e o CURRENT CONTENTS). O NIMCBA tem várias linhas de colaboração com o Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP (Diretor, Prof.Dr. Renato M.E. Sabbatini), que é também professor colaborador da Cátedra de Informática Médica da Universidade Católica de Córdoba, e foi docente e um dos organizadores do I Curso. Uma cópia eletrônica da publicação de referências bibliográficas estará disponível através da Internet, na UNICAMP. Informações: NIMCBA, Pje. Juan R. Gimenez 1163, Planta Alta, 5000 Córdoba, Argentina. Tel./Fax (0054 51) 72-5702, Email: sergiok@pccp.com.ar

    Mudanças na IMIA

    A International Medical Informatics Association (IMIA) é a entidade internacional científica representativa na área de Informática em Saúde, e à qual estão filiadas as sociedades nacionais correspondentes (entre as quais o Brasil, através da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde). Entre as atividades da IMIA, que são muitas, estão a realização de vários congressos, entre os quais o famoso MEDINFO (que, este ano, foi realizado em Vancouver, Canadá, tendo contado com 4.200 participantes). A IMIA também patrocina a edição de publicações e tem oito Working Groups, dedicados à vários aspectos da aplicação de computadores às Ciências da Saúde.

    Este ano, durante o MEDINFO, terminou a presidência da Dra. Marion J. Ball, da Universidade de Maryland, EUA, e foi empossado o novo presidente da IMIA, o Prof. Otto Rienhoff, diretor de Informática Médica da Universidade de Göttingen, Alemanha. O Prof. Rienhoff é velho conhecido dos brasileiros, e grande amigo e encorajador do desenvolvimento da Informática Médica em nosso país. Ele esteve nos visitando pela primeira vez em 1984, quando participou de um Simpósio de Informática Médica no Congresso Nacional de Informática, organizado pela SUCESU em São Paulo, e quando teve a a oportunidade de conhecer os primeiros grupos de pesquisa atuantes no país nesta área, inclusive o Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, recém-fundado. O Prof. Rienhoff retornou novamente ao Brasil em 1986, 1988 e 1990, nos congressos brasileiros de Informática em Saúde organizados pela SBIS; e já foi convidado para o V Congresso Brasileiro, que será realizado em Campinas, em 1996, em comemoração aos 10 anos da SBIS, fundada durante o I Congresso, também em Campinas, sob a presidência do Prof. Renato M.E. Sabbatini. Portanto, os brasileiros vêem com grande otimismo a gestão do Prof. Rienhoff à frente da IMIA.

    Ainda dentro das mudanças dentro da IMIA, ocorreu este ano uma que foi negativa para nossos inte-resses. O Working Group 9, intitulado "Medical Informatics for Development", foi extinto pela Assembléia Geral. Este grupo, dedicado a promover e apoiar o crescimento da Informática Médica nos países em desenvolvimento, foi fundado e dirigido por muitos anos pelo Prof. Rienhoff, que tem grande interesse pela área. Como parte de sua excelente atuação nesta área, ele instituiu um programa de doações de livros de Informática Médica para centros de pesquisa de países em desenvolvimento, durante vários anos, com ótimos resultados. Ao se afastar da direção do Working Group com o início da gestão da Dra. Marion J. Ball, assumiu a mesma o Dr. Daniel Sigulem, coordenador do Centro de Informática em Saúde da Escola Paulista de Medicina. Infelizmente, como o WG não desenvolveu nenhuma atividade significativa nos últimos três anos, foi extinto. Agora a IMIA estuda a possibilidade de reativar a área dentro de um novo contexto. 


    Europa Lidera Aplicações dos Cartões Inteligentes em Saúde

    As grandes vantagens oferecidas pelos cartões inteligentes ("<M>smartcards") nas aplicações em saúde tem provocado um grande crescimento do uso deste novo recurso em todo o mundo. O cartão inteligente é do tamanho de um cartão de crédito comum, mas tem grande capacidade de armazenamento de dados, proporcionado por memória digital embutida ("chip" de circuito integrado), ou por gravação ótica laser. É na Europa, entretanto, que se tem registrado o maior cres-cimento desta tecnologia. Praticamente todos os países europeus estão realizando projetos-piloto de uso do cartão inteligente no setor saúde, principalmente na área de seguros médicos (armazenamento de identificação do paciente, plano de saúde, cobertura e medida da utilização). Em alguns países, os cartões inteligentes também estão sendo testados para armazenar o registro médico geral dos pacientes ("prontuário médico de bolso"), ou em aplicações especiais, tais como para diabetes, oncologia e transplantes de rins.

    Uma dos motivos principais da Europa ser a líder das aplicações dos cartões inteligentes é que se chegou a um consenso quanto ao tipo de tecnologia a ser utilizada (no caso, chips), e padrões de gravação e intercomunicação de dados (ISO). Nos EUA e Japão, ao contrário, e-xistem muitas tecnologias competitivas e não se chegou a este consenso, ainda. Na Europa, os dois principais fornecedores de cartões inteligentes, a SGS Thomson (França) e a Siemens (Alemanha), oferecem cartões baratos (US$ 1,50 a 2,80 cada) e periféricos de leitura e gravação acessíveis (US$ 600), que em alguns países são pagos pelas companhias de seguro. Recentemente a Alemanha completou a tarefa hercúlea de distribuir cartões para todos os segurados médicos do país (mais de 20 milhões) e máquinas de leitura e impressoras para 120 mil médicos e dentistas. Ainda este ano, a Alemanha começa um teste com 2 mi-lhões de voluntários, para investigar o potencial do "prontuário médico de bolso". Um dos obstáculos a este tipo de aplicação é a necessidade de usar cartões mais caros, de tecnologia ótica (tipicamente custam US$ 5 a 10 cada, mas armazenam até 100 Mbytes de informação), e a solução de uma série de problemas ainda em discussão, como a adoção de um número único de identificação de pacientes, os padrões de registro da informação clínica a serem seguidos, e o problema de proteção da confidencialidade do paciente e da segurança de dados. 


    FreeNets São Pioneiras nas Aplicações Médicas em Rede

    Uma das invenções mais fantásticas da Internet, a gigantesca rede mundial de computadores, são as chamadas FreeNets, que são redes de acesso público e gratuito bancadas por um esforço comunitário. Existem atualmente cerca de 40 FreeNets em todo o mundo, das quais cerca de 30 nos EUA, onde nasceu a idéia, com um número total de 340 mil usuários. A pioneira foi a FreeNet Cleveland, uma cidade do estado de Ohio. O resultado foi tão interessante, que foi copiado por muitas outras prefeituras, que viram nisso uma maneira de melhorar o acesso dos seus cidadãos à informação, bem como proporcionar uma série de serviços sociais, culturais e artísticos. As FreeNets podem ser acessadas a partir de qualquer nodo da Internet, ou então via acessos discados (linhas telefônicas ligadas a modems, que podem ser chamadas de fora, por qualquer microcomputador). As formas de acesso implementadas variam bastante, e vão desde correio eletrônico (email), até WWW e Mosaic (acesso gráfico e multimídia à Internet). A mais comum é uma interface não gráfica, orientada a caracteres, como um menu tipo Gopher. A FreeNet de Cleveland, por exemplo, tem um menu geral, que, de forma muito interessante, dá acesso às várias fontes de informação sobre a cidade, que é organizado como se fosse um catálogo dos prédios, praças e centros da cidade: a prefeitura, os correios, a praça pública, o fórum de justiça, a escola, o centro comunitário e de esportes, o parque industrial, a biblioteca pública, a universidade, o hospital, o teatro, a galeria de arte, o centro de ciência e tecnologia, etc. Em cada "prédio" dessa cidade virtual, o visitante pode navegar por outros menus, contendo uma grande quantidade de informação sobre a cidade, seus serviços, sua informação, pessoas e instituições. Por exemplo, a FreeNet de Los Angeles tem um "centro de saúde", que dá informações sobre diabetes, câncer, doenças cerebrais, abuso de drogas, AIDS e muitas outras doenças. Os cidadãos podem enviar mensagens anônimas, contendo perguntas sobre doenças e sintomas. O Consultório Médico, uma das áreas do Centro de Saúde, tem médicos de plantão, que respondem gratuitamente a essas perguntas e orientam o cidadão quem ele deve procurar, e qual o problema provável (para evitar problemas legais, essas orientações não incluem diagnósticos diretos ou orientações para tratamento). A maioria das orientações se referem à educação dos pacientes, ou seja, informações científicas sobre as doenças e como evitá-las (medicina preventiva), ou como se manter saudável através de exercícios, dietas, etc.. Os médicos ligados ao sistema têm também uma grande lista de recursos disponíveis na Internet. Até os estudantes médicos têm o seu próprio quadro de avisos.

    No Brasil não existe nenhuma FreeNet ainda. Campinas, por ter o privilégio de ser o lar da RNP, a Rede Nacional de Pesquisa, que é o órgão coordenador da Internet no Brasil, provavelmente será a primeira FreeNet brasileira, através de um convênio de cooperação com a Prefeitura Municipal, que recebeu o nome de Projeto Alpha. Escolas, centros de saúde e departamentos da prefeitura serão os primeiros a serem interligados. O Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP foi indicado como um dos coordenadores deste projeto na área de saúde.



    A revista Informédica cessou sua publicação em outubro de 1995.
    Veja também: Revistas Informática Médica e Intermedic

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