Informática: Uma Especialidade Médica ?


Renato M.E. Sabbatini

Editor Científicorenato@sabbatini.com
Revista Informédica, 3(15): 4, 1995.


Parece estranho que uma área essencialmente tecnológica, pertencente ao ramo das ciências exatas, e que não envolve contato direto com pacientes, seja considerada uma especialidade médica. Mas, essa é a tendência mundial na Informática Médica. Nos países desenvolvidos, a maioria dos hospitais, grandes clínicas, indústrias farmacêuticas e de equipamentos biomédicos, órgãos governamentais de saúde pública, sistemas seguradores de saúde e faculdades de medicina estão à busca deste novo profissional: o médico que se dedica à Informática aplicada ao setor saúde. E este profissional ainda é muito raro, principalmente no Brasil, onde a demanda específica do mercado tem aumentado vertiginosamente, representando uma nova e promissora oportunidade de especialização e de trabalho para o médico.

Como é formado o especialista em Informática Médica ? Os médicos que assumiram essa nova área em tempo integral, são profissionais multidisciplinares, híbridos do casamento entre as ciências exatas (engenharia, computação, matemática, lógica) e as ciências biológicas (biologia humana, medicina, etc.). Evidentemente, são difíceis de achar, pois ainda são poucos os centros de formação com excelência acadêmica no país. No Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, um dos centros de formação mais ativos do país, instituímos desde 1983 o Projeto Centauro, que tem por objetivo um amplo programa de formação e especialização de informatas médicos, começando a partir dos estudantes de Medicina, em projetos de iniciação científica orientados ao recrutamento dos futuros profissionais da área, até programas de graduação e pós-graduação em Informática Médica (mestrado e doutorado). São numerosos e diversificados os campos de trabalho possíveis para o informata médico: o desenvolvimento de software para aplicações médicas; a consultoria, implantação e gerenciamento de sistemas computadorizados no ambiente clínico ou organizacional; e a pesquisa e o ensino em Informática Médica, entre outros.

Uma palavra de cautela, porém: para se dedicar profissionalmente á Informática Médica, é preciso tanta responsabilidade e conhecimento específicos como o que ocorre, analogamente, nas outras especialidades médicas. Ninguém imaginaria um oftalmologista se metendo a fazer transplantes cardíacos, ou cirurgiões plásticos ousando operar sistemas de medicina nuclear. É a mesma coisa em Informática Médica: é necessário um profissionalismo, que passa pelo aprendizado formal das ferramentas da Informática.


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