Ninguém mais duvida do fato que o computador pode ser extremamente útil para o médico, em sua profissão. Consultórios, clínicas, laboratórios e hospitais em todo o mundo, já se informatizaram em grande parte, e é apenas uma questão de tempo que isso venha a ocorrer no Brasil. Um conceito novo, entretanto, está começando a interessar os especialistas em Informática Médica, e excitando a imaginação do público: é a possibilidade dos pacientes também a passarem a utilizar os benefícios da Informática para sua saúde !
Essas aplicações podem vir em muitas formas. Inicialmente, eram programas simples para microcomputadores, que auxiliavam o paciente a selecionar uma dieta de emagrecimento, contando calorias, ou então que forneciam orientações básicas para a prevenção de doenças, como o câncer e a AIDS; para o diagnóstico de hábitos nocivos, como o tabagismo e o alcoolismo, e para as condutas na saúde da criança, do adolescente e do adulto. Ainda nesta linha, surgiram também programas muito interessantes para o próprio paciente registrar os seus dados médicos e dos membros de sua família. É um hábito que não temos no Brasil, e mesmo nos países mais desenvolvidos é algo raro: manter um prontuário completo sobre as doenças, os medicamentos tomados, as visitas aos médicos, as hospitalizações, o desenvolvimento psicomotor das crianças, as vacinações, etc. Imaginem só como isso poderia ser útil: os dados sobre a saúde da nossa famílai estão espalhados por dezenas de consultórios e hospitais, sem qualquer espécie de unificação ou de consistência. Os programas de microcomputadores facilitam muito essa tarefa.
A revolução na Informática para os pacientes, entretanto, veio através de duas inovações tecnológicas: o CD-ROM (e os programas de multimídia, que unem texto, voz, sons e imagem) e as redes universais de computadores. Nos últimos dois ou três anos, surgiram nos EUA uma quantidade enorme de CD-ROMs voltados à informação médica para leigos, tais como o já famoso Mayo Clinic Family Health Book; aumentando enormemente a qualidade e quantidade de informações disponíveis. Por outro lado, a proliferação e disseminação de redes de computadores como CompuServe, Prodigy, America On Line, Internet, Bitnet, etc., permitiram a implantação de serviços de informação em saúde diretamente para o consumidor. Vão desde grupos coletivos de discussão e de apoio a doentes (câncer, AIDS, esclerose múltipla, depressão, etc.) até o contato direto do paciente com médicos e hospitais através da rede, para consultas e orientações.
O resultado é fabuloso. Minha opinião é que estamos entrando em uma nova era da prática médica, que terá formas nunca antes imaginadas.