Progressos a Serem Imitados


Renato M.E. Sabbatini

Editor Científicorenato@sabbatini.com
Revista Informédica, 1(6): 4, 1994.


Para quem acompanha o progresso da Informática Médica há muitos anos, o cheiro de novidades revolucionárias estava no ar, durante o último congresso da Associação Americana de Informática Médica (AMIA), em novembro, em Washington. O tema do congresso (o maior do mundo no gênero, com quase 3.000 participantes) já dava uma indicação do que estava para vir: "Computação Centrada no Paciente". Os mais excitados, evidentemente, eram os profissionais de saúde, os quais, depois de muitos anos praticamente implorando para que os "gurús" do ramo dessem atenção prioritária ao desenvolvimento de sistemas voltados à prática clínica; viam, pela primeira vez isso virar realidade quase inevitável.

Muitas atividades do congresso se debruçaram diretamente sobre o tema. Em evidência, por exemplo, programas de multimídia voltados para a educação do paciente com respeito aos seus problemas e condutas médicas a serem adotadas. É claro que essa preocupação nova em transmitir ao paciente as informações que ele precisa (e tem direito de receber) está sendo impulsionada pela epidemia de processos de má-prática, que em parte pode ser resolvida pelo chamado "informed consent" (consentimento bem informado). Como os médicos dificilmente tem tempo e paciência para ficar uma hora explicando tudo tintin-por-tintin aos seus pacientes, a Informática veio brilhantemente em seu socorro.

Outro progresso impressionante é o que foi chamado, em um dos eventos do congresso, de "computação ubíqua", ou seja, tecnologia computacional que permite o médico andar de um lado para outro carregando a Informática no bolso ou a tiracolo. PC's e Macintoshes superminiaturizados, como os computadores de palma de mão ("palmtops"). O impacto está sendo enorme. Departamentos médicos inteiros estão usando as maquinetas para tudo, permitindo criar o conceito de computação ponto-de-assistência (point-of-care), semelhante ao já existente em automação comercial (pontos de venda) e bancária (terminal de cliente).

E no Brasil ? Vamos ficar mais uma vez atrasados ? O consenso é que agora, a revolução veio para valer. Ao contrário das outras etapas do desenvolvimento da Informática Médica, desde a revolução dos computadores de pequeno porte, nos anos 70, esta é a primeira que ela é encarada com entusiasmo e com bom nível de utilização pelos profissionais de saúde, devido aos evidentes benefícios para a atividade-fim da Medicina, e facilidade de uso. Portanto, temos que nos mexer urgentemente, para acompanhá-la.


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