O Papel da Universidade


Renato M.E. Sabbatini

Editor Científicorenato@sabbatini.com
Revista Informédica, 1(4): 4, 1993.


A Informática Médica progrediu muito nos últimos anos em nosso país. Sem sombra de dúvida, pode-se creditar esta rápida evolução à criação de diversos centros universitários importantes, que deram início à educação especializada na área. A UNICAMP, a USP, a Escola Paulista de Medicina, as Universidades Federais do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, entre outras e vários hospitais, integraram esta rede de excelência, que logo começou a obter uma boa repercussão nacional e internacional.

Entretanto, um problema agudo preocupa todos os que atuam neste campo: é o fato de que não estamos formando especialistas em número suficiente para as necessidades do país. O Brasil está muito atrasado, ainda, em termos da difusão e uso da tecnologia da Informática nos consultórios, hospitais, centros de saúde e faculdades. Um dos motivos para isso é a falta de mão de obra especializada para desenvolver programas, implantar e operar sistemas. São especialistas que precisam ter um bom conhecimento tanto de Informática quanto de Medicina e Saúde. Portanto, são profissionais muito raros de se encontrar.

Como se pode formar um especialista em Informática em Saúde ? Em alguns países mais desenvolvidos neste setor, como na Alemanha e Canadá, já existem cursos de graduação (bacharelado) em Informática Médica. Em Heidelberg, por exemplo, este curso já comemorou 20 anos de idade, e já formou cerca de 600 especialistas. Em muitos outros países, inclusive o Brasil, esta especialidade é ensinada em nível de pós-graduação (por exemplo, na UNICAMP, na UFRJ e na UFSC, onde se pode obter um mestrado ou doutorado em Engenharia Biomédica com especialização em Informática Médica), ou até de residência médica (a Faculdade de Medicina da USP tem um programa nesse sentido). Infelizmente, o número de centros brasileiros que oferecem este tipo de formação é muito pequeno, e tem poucas vagas. Além disso, demora muito a formação por esta via (tipicamente, entre 2 a 5 anos): o seu objetivo principal é formar o pesquisador e professor universitário.

Precisamos urgentemente de incentivo governamental, através de programas especiais de apoio, para aumentar o número de centros universitários de qualidade em Informática Médica.


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