Consultoria

Revista Informédica, 2(11), 20, 1994


Estamos implantando um plano de saúde em nossa empresa, e gostaríamos que o prontuário médico dos nossos funcionários fosse inteiramente informatizado. Temos ouvido falar muito do chamado "prontuário médico de bolso" ou cartão inteligente. O que significa isso, e como poderíamos utilizá-lo ? Quais são as tecnologias disponíveis ? (Dr. Alexandre Costa Júnior, São Paulo, SP)
O cartão inteligente (em inglês, ele é chamado de patient card). tem as mesmas dimensões de um cartão de crédito convencional. A diferença é que ele pode ser utilizado para gravar diversos tipos de dados sobre o paciente, desde sua identificação, plano de saúde, movimentação financeira (por exemplo, mensalidades já pagas), etc., até informações de natureza clínica, que podem ser em menor ou maior volume e abrangência, dependendo da tecnologia utilizada e do objetivo do cartão. Existem muitas vantagens para o "prontuário médico de bolso". A mais evidente decorre do fato de que os sistemas atualmente em uso para armazenar informações clínicas, baseados em papel ou em computador, são distribuídos de forma não integrada, ou seja, o prontuário de uma pessoa está espa-lhado por dezenas de consultórios médicos e dentais, clínicas, hospitais, etc. Não existe nenhuma centralização da informação, pois a tecnologia para fazê-lo (via rede de computador) ainda é muito cara e vai demorar para se disseminar. Por isso, os especialistas concordam que a melhor solução é o prontuário ficar com o seu verdadeiro dono, ou seja, o paciente. Quando ele visita o médico, laboratório, hospital, etc, leva o prontuário consigo e o mesmo é atualizado. Essa tecnologia, embora de implantação inicial cara, tem um enorme potencial para diminuir os custos do sistema de saúde e aumentar sua qualidade, pois elimina a duplicação de informações, necessidade de repetir exames, aumenta a agilidade e a atualidade do registro médico, etc. As tecnologias existentes atualmente são:

Cartão magnético: contém uma faixa magnetizável no verso. Esse tipo de cartão é amplamente utilizado na indústria financeira, para armazenar um conjunto res-trito de informações (geralmente o número da conta e a senha de acesso). Seu uso na Medicina é restrito a-penas à identificação sumária do paciente, e, no caso de cartões chamados indutivos, pode-se colocar, como nos cartões do Metrô, uma quantia pré-autorizada de consultas, que será diminuída pelo equipamento de leitura, a cada passagem pelo mesmo;

Chip de memória: Consta de um circuito integrado embutido, com contatos externos, que podem armazenar aguns milhares de bytes (o que é suficiente para armazenar toda a identificação civil e de convênio, transações financeiras mais recentes, e alguns dados clínicos relevantes, tais como alergias, tipo sanguíneo, grupo de risco, principais diagnósticos, etc. Seu uso em seguradoras médicas para planos de saúde diferenciados exige que os médicos conveniados tenham um computador e uma unidade de leitura e gravação acoplada, o que nem sempre sai barato. Como a capacidade dos chips é relativamente restrita, é necessário implantar um padrão que defina o conjunto mínimo de dados pessoais e clínicos a serem colocados no cartão (o chamado MDS ou Minimum Data Set).

Cartão óptico (laser-card): através da mesma tecnologia usada nos discos CD, consegue armazenar cerca de 2 milhões de caracteres. Permite gravar todo o histórico médico, individual e familiar, gravado em um cartão laser, incluindo dados vitais, alergias a medicamentos, cirurgias pregressas, tipos sanguíneos, e até mesmo radiografias e eletrocardiogramas. É bastante grande o número de projetos utilizando cartões inteligentes em Medicina, em todo o mundo. Nos EUA, espera-se que milhões de segurados médicos venham a dispor de cartões deste tipo. Este empreendimento tornará o sistema extremamente atrativo para os médicos, que desejarão se filiar em números cada vez maiores às seguradoras (pois elas alugarão, ou até colocarão gratuitamente microcomputadores à disposição dos médicos). Só a imaginação limita os outros tipos de aplicações possíveis para o cartão laser. Já existem cartões com capacidade de 200 milhões de caracteres, e que podem ser desgravados e gravados novamente. Com isso, os arquivos médicos completos de um hospital poderão ser armazenadas em um maço de poucos cartões e conterão praticamente toda a informação que hoje reside em papel e filme.


Voltar à HomePage Voltar ao Índice de Consultorias Enviar email p/o Editor
Copyright (c) 1995 Renato M.E. Sabbatini