Consultoria

Revista Informédica, 1(3), 14, 1993


Sou professor de otorrinolaringologia em uma escola médica e gostaria muito de renovar o ensino de graduação, que dispõe de pouco tempo no currículo, através da introdução de técnicas computadorizadas. Entretanto, tenho muito pouco conhecimento sobre o assunto, além de inexperiência em Informática. Gostaria de saber o que se pode fazer nessa área, e quais os recursos disponíveis (Ariovaldo Armando da Silva, Campinas, SP).
Indubitavelmente, a educação nas ciências de saúde pode se beneficiar de muitas maneiras com a utilização de computadores. Este tipo de aplicação tem crescido exponencialmente na última década, essencialmente devido ao aparecimento dos microcomputadores, que aliam o baixo custo, grande disponibilidade e simplicidade de operação e manutenção, à facilidade de programação e aos recursos sofisticados para aplicações educacionais, tais como gráficos coloridos, animação, efeitos de som, etc. Dentre as diversas aplicações do computador no ensino médico, as simulações clínicas estão entre as mais eficazes e úteis, pois representam uma forma bastante rica e interativa de complementar as atividades de ensino. Nelas, o computador simula um encontro com um paciente, levando o estudante a efetuar decisões diagnósticas e terapêuticas, na tentativa de solucionar um problema clínico. Portanto, é um excelente recurso para ensinar técnicas de resolução de problemas em otorrinolaringologia.

A primeira alternativa é comprar pacotes prontos de simulação clínica. O problema é que, quando eles existem para a sua especialidade, estão normalmente em inglês, o que dificulta sua aplicação em nosso meio. Diversas empresas e editoras norte-americanas, entre as quais a William & Wilkins, a Cyberlog e a Scientific American Discotest, oferecem grande número de sistemas computadorizados de apoio ao ensino médico,

Entretanto, o desenvolvimento próprio de simulações clínicas é relativamente fácil e descomplicado, se você utilizar o que se denomina de sistema de autoria. Este é um software especializado, que permite criar quadros informativos, telas de imagens e textos, questões ao estudante, etc., concatenando-os de forma lógica em uma simulação clínica. Existem numerosos sistemas de autoria para microcomputadores da linha IBM-PC, como o MicroTutor, o AuthorWare, o EMACS (desenvolvido pelo grupo da Dra. Mariza K. Stumpf, no Núcleo de Informática Médica da Faculdade de Medicina da UFRGS, em Porto Alegre), e o MEDTEST (desenvolvido pelo grupo do Prof. Renato M.E. Sabbatini, no Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP). Estes dois últimos são em português, são muito fáceis de utilizar (basta conhecer a operação de um simples programa processador de textos), e estão disponíveis no domínio público (veja o catálogo do CEDIB, neste número da Informédica). Além disso, já dispõe de um número razoável de simulações clínicas em várias áreas da Medicina (inclusive em ORL). Inclusive, se você quiser algo ainda mais simples, recomendamos utilizar a linguagem PILOT, especialmente inventada nos EUA pelo médico e professor John Starkweather para instrução assistida por computador, e que é muito fácil de aprender. Uma versão nacional da linguagem Common PILOT também foi desenvolvida pelo Prof. Sabbatini, da UNICAMP, e está disponível no domínio público.

Finalmente, se você quiser fazer um curso sobre o assunto, existe uma disciplina de pós-graduação (FM-993 - Aplicação da Informática no Ensino Médico), que será ministrada a partir de agosto na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, pelo Prof. Sabbatini. Pessoas de fora da UNICAMP também podem fazer esse curso, que é ministrado às segundas-feiras, das 9:00 as 12:00, na qualidade de alunos especiais.


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