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Quantidade versus QualidadeEstamos, como se diz, na era da informação. Graças aos meios de comunicação eletrônica, como a rádio, a TV e as redes de computadores, nunca a informação foi tão abundante e tão barata. Imaginem quantos bilhões são gastos anualmente pelos provedores da Internet para gerar informação e colocá-la, gratuitamente na rede.A medida em que aumenta vertiginosamente a massa de informação sendo divulgada pelos meios eletrônicos, começa a ser um problema separar "alhos de bugalhos", ou seja, a informação "boa", "útil", da que não é. Coloco essas coisas entre aspas, porque são conceitos altamente relativos. O que é bom e útil para uma pessoa pode não ser para outra. O conceito de qualidade, sem dúvida nenhuma uma meta desejável na disseminação de qualquer tipo de informação, é uma entidade ilusória e difícil de caracterizar. Com relação às chamadas belas artes, à literatura e à estética, esse conceito é mais bem estabelecido do que na divulgação científica. Por exemplo, todo mundo consegue distinguir com maior facilidade entre uma literatura de alta qualidade e uma de baixa qualidade. Em ciência, isso já é mais difícil: talvez o conceito de qualidade esteja mais ligado ao fato de se a informação é correta, por exemplo. E este é um problema sério na área da saúde, onde a divulgação de informações incorretas, enganosas ou incompletar pode causar muito mal, principalmente quando os leitores são leigos.Tudo isso tem muita relevância para os meios digitais eletrônicos que estão hoje à disposição dos leigos e dos profissionais de saúde, como os softwares, os CD-ROMs e a Internet. Esta última, especialmente, coloca desafios nunca antevistos com relação à qualidade da informação disponibilizada. Como a Internet é território livre, sem censura e sem seleção, e onde a auto-publicação é a norma, é muito difícil instituir um sistema de indicação de qualidade. Além disso, o crescimento da informação na Internet está criando um problema sério e gerando o desespero em usuários de todos os tipos. Passamos cada vez mais tempo na frente da telinha tentando achar a informação que nos interessa. Ao fazermos uma pesquisa num mecanismo de busca, como o Altavista, está cada vez mais comum recebermos listagens com milhares de páginas achadas para um determinado conjunto de palavras-chave. Receber 30.000 indicações e receber nenhuma são a mesma coisa, quando não temos tempo de ler nem as dez primeiras ou as dez melhores.O desafio, portanto, é criar um sistema que avalie publicamente a qualidade, sem castrar a liberdade de expressão da Internet. É um trabalho hercúleo, para o qual existem ainda poucos padrões. Para a informação científica,
o modelo mais utilizado e comprovadamente eficaz, que é o da revisão
dos trabalhos pelos pares (árbitros científicos das revistas,
conselho editorial e outros mecanismos) continuará provavelmente
sendo o principal mecanismo de avaliação, ou seja, o de bloquear
o lixo antes de ser publicado. O profissional de saúde precisa então
selecionar as fontes que vai ler, de acordo com esse princípio.Já
para os leigos, a situação é muito mais complicada.
Um sistema de "estrelas", como o usado pela Embratur pelos hotéis,
seria um recurso razoável. Alguns catálogos especializados
no exterior, como o Medical Matrix (http://www.medmatrix.org),
já utilizam esse sistema. É um caminho. |
Renato
M.E. Sabbatini, PhD
Editor Científico |
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